São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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Líder tucano diz ter seguido orientação de FHC para derrotar governo na votação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tratado como herói da derrota do governo com a rejeição da CPMF, mas responsabilizado pela crise instalada no PSDB, o senador Arthur Virgílio (AM) admitiu ontem que seguiu orientação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante a tramitação da proposta no Congresso e que chegou a falar em abandonar a liderança da sigla.
Líder do partido no Senado há quase seis anos, Virgílio afirmou que despertou "com a consciência tranqüila" porque está seguro de que o governo errou na condução das negociações e que o desgaste com os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) passará. "Se eles forem candidatos à Presidência, vão perceber que, evitando que o partido virasse a geléia geral, vai dar lucro para eles". E repete que, no PSDB, "não há hierarquia".
"Não fiz ameaça [de deixar a liderança]. Disse que eu não poderia votar a CPMF, mas que se fosse vital votá-la que eu me afastaria", afirmou. Ao recorrer a uma carta-compromisso do presidente Lula, lida no plenário, Virgílio disse que o governo "foi desesperado e colocou o craque em campo na prorrogação". "O partido exibiu personalidade, o PSDB não é borracharia de estrada, acessório para se usar em momentos de dificuldade."
À tarde, o tucano foi provocado pela líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que o culpou pelo tensionamento das negociações e o acusou de ter rompido acordos nas madrugadas anteriores à votação. Reagiu com ironia: "Ela deve estar apaixonada por mim, entendo como declaração de amor e fico até feliz". Virgílio disse que aceita a convocação do Congresso no período de recesso, mas desde que o único assunto em debate não seja a recriação da CPMF.
Ele quer discutir um pacote amplo, com proposta de reforma tributária e redução de gastos com pessoal da União. Ao resistir à pressão de todos os lados, Virgílio disse que se aconselhou durante a semana com FHC, e, então, assumiu para si a responsabilidade de resistir às pressões por um acordo. "Ele achava que tinha que recusar e negociar a redução da carga tributária para evitar essa bomba fiscal que está se armando", disse.
Depois de uma madrugada tensa, Virgílio contou que foi dormir às 4h. Acordou às 9h, leu jornais e depois telefonou para o ex-presidente. "Ele acha que no partido as coisas se acomodam bem e que devemos estar abertos ao diálogo", disse.
Sonegadores
O DEM reabriu ontem a possibilidade de negociação com o governo, mas não quer aumento da carga tributária. "O presidente depreciou o meu partido. Para que o interesse nacional seja colocado, é preciso respeito. Estamos dispostos a discutir. Que não nos venha com aumento de carga tributária. Existem outros caminhos", disse José Agripino (RN), líder do DEM no Senado.
"Nossa posição é de diálogo. (...) Vamos avaliar as despesas. Refazer os cálculos. Defendemos a tese de redução da carga tributária", afirmou Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM. (SILVIO NAVARRO)


Colaborou ADRIANO CEOLIN, da Sucursal de Brasília


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