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Líder tucano diz ter seguido orientação de FHC para derrotar governo na votação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tratado como herói da derrota do governo com a rejeição
da CPMF, mas responsabilizado pela crise instalada no
PSDB, o senador Arthur Virgílio (AM) admitiu ontem que seguiu orientação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante a tramitação da
proposta no Congresso e que
chegou a falar em abandonar a
liderança da sigla.
Líder do partido no Senado
há quase seis anos, Virgílio afirmou que despertou "com a
consciência tranqüila" porque
está seguro de que o governo
errou na condução das negociações e que o desgaste com os
governadores José Serra (SP) e
Aécio Neves (MG) passará.
"Se eles forem candidatos à
Presidência, vão perceber que,
evitando que o partido virasse a
geléia geral, vai dar lucro para
eles". E repete que, no PSDB,
"não há hierarquia".
"Não fiz ameaça [de deixar a
liderança]. Disse que eu não poderia votar a CPMF, mas que se
fosse vital votá-la que eu me
afastaria", afirmou.
Ao recorrer a uma carta-compromisso do presidente
Lula, lida no plenário, Virgílio
disse que o governo "foi desesperado e colocou o craque em
campo na prorrogação". "O
partido exibiu personalidade, o
PSDB não é borracharia de estrada, acessório para se usar em
momentos de dificuldade."
À tarde, o tucano foi provocado pela líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que o culpou pelo tensionamento das negociações e
o acusou de ter rompido acordos nas madrugadas anteriores
à votação. Reagiu com ironia:
"Ela deve estar apaixonada por
mim, entendo como declaração
de amor e fico até feliz".
Virgílio disse que aceita a
convocação do Congresso no
período de recesso, mas desde
que o único assunto em debate
não seja a recriação da CPMF.
Ele quer discutir um pacote
amplo, com proposta de reforma tributária e redução de gastos com pessoal da União.
Ao resistir à pressão de todos
os lados, Virgílio disse que se
aconselhou durante a semana
com FHC, e, então, assumiu para si a responsabilidade de resistir às pressões por um acordo. "Ele achava que tinha que
recusar e negociar a redução da
carga tributária para evitar essa
bomba fiscal que está se armando", disse.
Depois de uma madrugada
tensa, Virgílio contou que foi
dormir às 4h. Acordou às 9h,
leu jornais e depois telefonou
para o ex-presidente. "Ele acha
que no partido as coisas se acomodam bem e que devemos estar abertos ao diálogo", disse.
Sonegadores
O DEM reabriu ontem a possibilidade de negociação com o
governo, mas não quer aumento da carga tributária.
"O presidente depreciou o
meu partido. Para que o interesse nacional seja colocado, é
preciso respeito. Estamos dispostos a discutir. Que não nos
venha com aumento de carga
tributária. Existem outros caminhos", disse José Agripino
(RN), líder do DEM no Senado.
"Nossa posição é de diálogo.
(...) Vamos avaliar as despesas.
Refazer os cálculos. Defendemos a tese de redução da carga
tributária", afirmou Rodrigo
Maia (RJ), presidente do DEM.
(SILVIO NAVARRO)
Colaborou ADRIANO CEOLIN,
da Sucursal de Brasília
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