São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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CNBB convoca jejum de apoio a bispo

Em nota divulgada ontem, a entidade conclama os cristãos a se "unirem em jejum e oração" a dom Luiz

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após ter ouvido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que as obras de transposição do rio São Francisco não serão paralisadas por conta da greve de fome de dom Luiz Cappio, o comando da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou ontem nota na qual convoca todos os cristãos a se "unirem em jejum e oração" ao bispo de Barra (BA).
"Convidamos as comunidades cristãs e pessoas de boa vontade a se unirem em jejum e oração a dom Luiz Cappio, por sua vida, sua saúde e em solidariedade à causa por ele defendida", afirma a CNBB, em nota.
A entidade que representa a Igreja Católica disse que o "governo democrático" tem que ter a "responsabilidade" de permitir o acesso da sociedade às decisões e de "acatar" e "respeitar" as decisões da Justiça.
Anteontem, em encontro no Planalto, Lula disse aos bispos que não irá paralisar a obra por conta do protesto e que cabe à própria Igreja buscar uma solução ao fim do jejum.
"O governo democrático tem a responsabilidade de interpretar as aspirações da sociedade civil, em vista do bem comum, de oferecer aos cidadãos a possibilidade de participar nas decisões", afirma a entidade.
Resultado final de encontro nesta semana do Consep (Conselho Episcopal de Pastoral), a nota é assinada por dom Geraldo Lyrio Rocha (presidente), dom Luiz Soares Vieira (vice) e dom Dimas Lara Barbosa (secretário-geral).
Na nota, ao cobrar o respeito do governo às decisões judiciais, a CNBB faz menção ao fato de a obra de transposição não ter sido interrompida até quarta-feira, mesmo diante de uma liminar divulgada segunda-feira pela Justiça Federal.
O Ministério da Integração Nacional informou que somente anteontem à noite foi notificado da decisão.

Participação
Já no recado da nota sobre a participação popular nas decisões de governo, a CNBB entra na discussão levantada pelo próprio dom Luiz, segundo a qual a gestão petista teria iniciado as obras sem ter dado a oportunidade de opinião para setores da sociedade contrários à transposição.
Cappio está em Sobradinho (BA) e completou hoje 17 dias de greve de fome.
Na nota divulgada ontem, ao sair em defesa do bispo de Barra, a CNBB aproveita ainda para colocar em xeque recentes declarações do governo de que a transposição irá matar a sede de 12 milhões de nordestinos.
"Dom Luiz Cappio traz à luz o embate entre dois modelos opostos de desenvolvimento: de um lado, o modelo participativo e sustentável, que valoriza a agricultura familiar e a preservação da natureza; e de outro, o que privilegia o agro e o hidronegócio, com sérios prejuízos ambientais e sociais, pois explora o povo e destrói os rios e as florestas."


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