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Rondônia foi responsável por dívida de banco, diz TCU
Governo é apontado como maior culpado por fracasso de intervenção no Beron
Débito do banco, segundo atual governador do Estado, subiu para R$ 420 milhões durante a atuação do Banco Central, entre 1995 e 1998
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Relatório do TCU (Tribunal
de Contas da União) concluído
em dezembro aponta o Estado
de Rondônia como o principal
responsável pelo fracasso da intervenção federal no Beron
(Banco do Estado de Rondônia), entre 1995 e 1998.
A conclusão contraria avaliação do governo de Rondônia,
que aponta o Banco Central como responsável pelo aumento
da dívida. O débito do banco
com a União, segundo o governo estadual, subiu de R$ 50 milhões para R$ 420 milhões durante a intervenção do BC na
instituição. O débito hoje é de
cerca de R$ 600 milhões.
Em dezembro, o Senado
aprovou projeto de resolução
suspendendo temporariamente o pagamento da dívida referente à liquidação do banco.
Neste mês, após o governo federal ter continuado a descontar o repasse do FPE (Fundo de
Participação dos Estados) ao
Estado para abater o débito, o
governador Ivo Cassol (sem
partido) ameaçou decretar a
moratória da dívida do Estado
com a União.
O relatório do TCU, produzido a partir de pedido da CAE
(Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, afirma que
má gestão e dívidas anteriores,
somadas à omissão do governo
estadual no repasse de recursos
ao banco no período de intervenção, ou Raet (Regime de Administração Especial Temporária), agravaram a crise.
Segundo os técnicos do TCU,
a captação de recursos a juros
altos no mercado interbancário
-empréstimos entre bancos,
normalmente por um dia- foi
o fator que mais contribuiu para o aumento da dívida. A opção, aponta o relatório, se deu
sobretudo pela falta de aporte
de R$ 15 milhões pelo Estado.
Aporte
"Vale destacar que o governador [Valdir Raupp, atual líder do PMDB no Senado], mesmo dispondo de dotação orçamentária para essa finalidade
[aporte], optou por não fazer
essa capitalização", diz trecho
do documento do TCU. Foi
Raupp quem orientou a bancada do PMDB do Senado a aprovar o projeto que suspendia o
pagamento da dívida.
Sobre a responsabilidade do
BC na evolução da dívida, o relatório diz que os membros do
Conselho Diretor do banco durante o Raet, embora nomeados pela instituição, não "agem
como prepostos". "Não cabe a
responsabilização do BC pelos
atos dos membros do conselho
e nem pelos prejuízos."
No entanto, o ministro relator do caso no TCU, Raimundo
Carreiro, discordou das conclusões dos técnicos em relação ao
papel do BC. Apontou ilegalidade nas prorrogações da intervenção -14, ao longo de 42 meses- e no primeiro termo aditivo do acordo de renegociação
de dívida, fechado em 1998 entre o governo de Rondônia e o
Tesouro Nacional. "[O contrato] não poderia entrar em vigor
sem prévia autorização do Senado", citou Carreiro.
Para o governo de Rondônia,
o apontamento de Carreiro valida os argumentos do Estado
pela revisão da dívida. "Nunca
negamos que tenha havido má
gestão por parte de administrações anteriores", disse um assessor do governo. A assessoria
do senador Valdir Raupp disse
que ele assumiu o governo 42
dias antes da intervenção e não
pode ser responsabilizado pela
situação descrita no relatório.
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