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Garibaldi contrata empresa do irmão de seu assessor
Contrato sem licitação prevê produção de clippings eletrônicos do interesse do senador
Segundo o braço direito do peemedebista, o serviço similar que é feito pela Casa, "Senadores na Mídia", não analisa veículos regionais
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob a presidência de Garibaldi Alves (PMDB-RN), candidato à reeleição, o Senado contratou uma empresa potiguar para
fazer clippings eletrônicos
"com notícias, veiculadas em
emissoras de rádio e televisão,
do interesse da presidência do
Senado, de segunda-feira a domingo, incluindo feriados, na
cidade de Natal (RN)".
O contrato, de R$ 3.000
mensais, foi assinado sem licitação em abril passado e tem vigência até 24 abril deste ano
-ou seja, quase três meses depois do encerramento do atual
mandato de Garibaldi como
presidente do Senado.
A empresa responsável pelo
trabalho chama-se Vallério Vídeo, cujo proprietário é Vallério José de Oliveira Cabral. Ele
é irmão de José Wilde de Oliveira Cabral, braço direito de
Garibaldi na área de comunicação e que atualmente ocupa a
Secretaria Especial de Imprensa da Presidência do Senado.
O clipping eletrônico é um
serviço na área de comunicação
estratégica que visa identificar
a quantidade e a qualidade das
citações de um dado cliente em
veículos de comunicação.
O Senado tem um serviço de
clipping eletrônico realizado
pela Secretaria de Pesquisa e
Opinião Pública. Chama-se
"Senadores na Mídia" e é disponibilizado na página de internet da Casa. São analisados diariamente sete jornais e emissoras de TV e rádio que trabalham em rede nacional. A secretaria conta ainda com um
serviço 0800 para colher a opinião de cidadãos e faz periodicamente levantamentos sobre
votações e temas polêmicos.
Além do clipping exclusivo,
Garibaldi mantém contrato
com a empresa de consultoria e
marketing político GT Marketing e Comunicação Ltda, de
Gaudêncio Torquato. Válido
até fevereiro, o serviço custa ao
Senado R$ 10 mil mensais.
José Wilde disse que precisava de um serviço específico sobre as emissoras do Rio Grande
do Norte porque os "Senadores
na Mídia" só analisam veículos
nacionais: "Há muitas coisas
que só as emissoras regionais
divulgam e nós precisamos saber para acompanhar".
O secretário de Imprensa da
presidência disse que "todos os
senadores gostariam de ter um
serviço de clipping", mas quem
tem de avaliar a necessidade é a
Secretaria de Comunicação.
Helival Rios, secretário de Comunicação, disse que simplesmente atendeu ao pedido da
presidência e que Vallério Vídeo apresentou menor preço.
José Wilde disse à Folha que
indicou a empresa do irmão,
mas ressaltou que não foi o responsável final pela contratação
da Vallério Vídeo. "Fiz o pedido
do serviço à Secretaria de Comunicação do Senado, mas não
sou o ordenador de despesa."
A Folha conversou com Vallério Cabral anteontem. Ele
afirmou que sua empresa atua
na área de clipping eletrônico
desde 1998: "Eu tenho clientes
privados e governamentais.
Minha empresa foi indicada
porque as outras de Natal não
estão legalizadas".
Vallério disse que não vê nenhum problema no fato de ter
sido indicado pelo irmão para o
serviço -"toda minha documentação está adequada"- e
que mensalmente envia um
DVD com o material de 9 emissoras de TV e 14 de rádio.
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