São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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PAINEL

O príncipe e sua corte
A vitória de Jader Barbalho teve a medida exata para FHC. Com 41 votos, o paraense obteve a maioria absoluta do Senado, mas os 28 votos dados a Arlindo Porto mantiveram o PFL no jogo político de 2002 e mostraram que a sigla poderia até vencer a eleição, se Marco Maciel e Jorge Bornhausen não optassem pela preservação da base aliada.

Mão invisível
A opção do PFL com chance de vitória era Agripino Maia. ACM avalizou, mas o vice Marco Maciel, que disputa o controle do partido com o baiano, desarticulou o projeto. Alegação oficial: prejudicaria Inocêncio Oliveira na Câmara, que, no entanto, acabou levando uma surra maior do que a esperada.

Castelo de cartas
Na véspera da eleição, Agripino mostrou a ACM um mapa que indicava que ele teria 39 votos. O baiano cortou dois que considerava duvidosos. O ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) avalizou a nova lista com 37. Agripino correu a Maciel, que deu o não definitivo.

Daqui não saio
A candidatura de Arlindo Porto era conhecida desde terça. Mas ACM, seguindo o regimento, só mandou confeccionar as cédulas durante a sessão. Teve que aguentar uma brincadeira no Senado: o pefelista queria apenas ficar sentado por mais alguns minutos na cadeira real.

Métodos colloridos
Por pouco a eleição do Senado não teve a sua Miriam Cordeiro, ex-namorada que acusou Lula de tentar induzi-la ao aborto. Elcione Barbalho (PMDB-PA), ex-mulher de Jader, foi muito pressionada a contar fatos da sua vida matrimonial. Não topou.

Melhor que antes
FHC não prevê dificuldades de relacionamento com Jader. Fatura, diz-se no Planalto, todos apresentam. A diferença, avalia-se, é que Jader cumpre os acordos; ACM quase sempre fazia diferente do combinado.


Caça às bruxas
Jefferson Péres recebeu ontem em almoço o apoio de 14 dos 16 senadores da oposição. Teve 12 votos. Emília Fernandes, que negocia a entrada no PT, encabeça a lista dos suspeitos de traição. Em troca, receberia a presidência de uma comissão do Senado. Sebastião Rocha (PDT) é o segundo nome sob suspeição.

Cada um por si
Logo pela manhã, Péres foi avisado de que dois senadores do PSB (Ademir Andrade e Antônio Carlos Valadares) votariam em Jader Barbalho. Velho inimigo do peemedebista, Andrade compôs com o conterrâneo de olho nas eleições de 2002.

Serventia da casa
Antes da votação, Péres soube que pefelistas o procurariam para pedir que fizesse um "ato de grandeza", renunciando em favor de Arlindo Porto (PTB). Resposta: "Diga que, se vierem, perderei a elegância. Pedirei que se retirem do meu gabinete".

Novo líder petista
José Eduardo Dutra (SE) será anunciado hoje como o novo líder do PT no Senado. Em substituição a Heloísa Helena (AL).

Índex baiano
ACM colocou o nome de José Roberto Arruda (DF), líder do governo, em seu caderninho. Diz que o tucano fez jogo duplo, favorecendo Jader Barbalho.

Ventilador esquerdista
De José Genoino (PT), sobre João Herrmann (PPS) ironizar a homenagem feita por petistas a ACM: "Herrmann deveria ter tido coragem de defender seu candidato, Aécio Neves, em vez de ficar espalhando futricas".

Visita à Folha
Paulo Rabello de Castro, economista, empresário e vice-presidente do Instituto Atlântico, que a partir de 21 de fevereiro passa a escrever coluna quinzenal no caderno Dinheiro da Folha, visitou ontem o jornal, onde foi recebido em almoço.   Henry I. Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

De Jefferson Péres, sobre as traições à sua candidatura:
- Política é um charco. As pessoas de bem têm de andar com lenço no nariz.

CONTRAPONTO

Tudo que é sólido desmancha no ar

(PFL-BA) tentou até a última hora encontrar um nome viável para derrotar Jader Barbalho (PMDB) na disputa pela presidência do Senado.
Após o fracasso da candidatura Sarney, o PFL procurou José Fogaça (PMDB-RS). Na terça-feira, foi feita uma última tentativa com o gaúcho.
Fogaça disse que poderia aceitar, desde que tivesse um núcleo de dez votos no PMDB. Os pefelistas mostraram uma lista dos votos que teriam no PMDB, dentre os quais o de Gilvam Borges (AP), ligado a Sarney.
Na saída da conversa, Fogaça cruzou por acaso justamente com Gilvam, nos corredores do Congresso, que correu em direção ao gaúcho e disse:
- Fogaça, não entra nessa disputa. Vote no Jader!
Humorado, Fogaça brincou:
- É esse o apoio que me oferecem!? De alguém que pede votos para o Jader?!!!


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