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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO TUCANA
Secretário de Estado de Minas e deputado foram avalistas de R$ 700 mil tomados pela então agência de Valério no Banco Rural em 2004
Tucanos avalizaram empréstimo da SMPB
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois tucanos mineiros -o secretário de Estado de Governo de
Minas Gerais, Danilo de Castro, e
o presidente da Assembléia Legislativa mineira, deputado Mauri
Torres- foram avalistas de empréstimo de R$ 700 mil que a
agência SMPB tomou no Banco
Rural em novembro de 2004, após
as eleições municipais.
A agência estava sob o comando
do empresário Marcos Valério de
Souza, que assumiu em depoimentos ao Ministério Público, à
Polícia Federal e à CPI dos Correios ter contraído empréstimos
para alimentar campanhas.
Castro e Torres, que fazem parceria em campanhas para deputado federal e estadual, são aliados
do governador de Minas Gerais,
Aécio Neves (PSDB).
O secretário disse à Folha, por
meio de sua assessoria, ter avalizado o empréstimo a pedido do
deputado Mauri Torres, que
"queria ajudar" o "amigo" Ramon Cardoso, sócio da SMPB.
O deputado confirmou essa versão à Folha, também por meio de
sua assessoria. Marcos Valério
disse, segundo sua assessoria, que
só voltará a falar com a imprensa
após a conclusão da CPI.
Em 2002, além de ser um dos
coordenadores da campanha de
Aécio, Castro elegeu-se deputado
federal pela terceira vez. Licenciou-se do cargo para assumir a
Secretaria de Estado de Governo.
Ao Tribunal Regional Eleitoral
declarou ter recebido R$ 577,71
mil em contribuições em 2002. O
Rural foi o segundo maior doador
-R$ 150 mil ou 17% do total.
Reeleito deputado estadual em
2002, no ano seguinte Torres assumiu a presidência da Assembléia Legislativa de Minas. Em
2005, foi reconduzido ao cargo.
Os dados do empréstimo constam do depoimento da presidente
do Rural, Kátia Rabello, à PF. No
documento enviado à CPI, ela disse não se lembrar da transação.
Em 2005, os tucanos saíram do
negócio, e o banco rolou a dívida.
O empréstimo foi quitado no
mesmo ano, com recursos de investimentos que as empresas de
Valério tinham no Rural.
Cobrança
A negociação da pendência deu-se em meio a disputas judiciais. O
Rural cobrava do empresário o
pagamento de empréstimos vencidos. Valério tentava resgatar
aplicações que tinha no banco como lastro para seus contratos
com a administração pública.
Conforme dados da CPI e dos
inquéritos policiais que investigam o "mensalão" e um caixa
dois praticado em eleição mineira, a sistemática de empréstimos
patrocinados por Valério é recorrente quando se trata de buscar
recursos para campanhas.
À PF Valério afirmou que, em
1998, tomou um empréstimo de
R$ 9 milhões no Rural. O dinheiro, segundo ele, foi usado na frustrada campanha de reeleição do
senador tucano Eduardo Azeredo
ao governo de Minas. A operação
foi confirmada pelo então tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão. Azeredo nega ter tido conhecimento. Valério também diz ter
lastreado em empréstimos de
R$ 55,9 milhões o dinheiro repassado a petistas e aliados do governo ao longo de 2003 e 2004.
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