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Em 16 Estados, cumprimento de resolução é adiado por liminares
DA AGÊNCIA FOLHA
O cumprimento da resolução
do CNJ (Conselho Nacional de
Justiça) contra o nepotismo no
Judiciário acabou adiado em 16
Estados por liminares concedidas
pelo próprio Judiciário estadual.
A maioria das liminares suspende o cumprimento da resolução
até que o STF (Supremo Tribunal
Federal) julgue sua constitucionalidade. A sessão está marcada para amanhã.
O prazo para que os Tribunais
de Justiça exonerassem parentes
até terceiro grau não-concursados de juízes e desembargadores
terminou ontem. Em alguns Estados, como Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Bahia, os presidentes dos tribunais decidiram
aguardar a decisão do STF.
Desde que o CNJ determinou a
exoneração, 16 liminares foram
concedidas pela Justiça mineira,
mantendo nos cargos 216 parentes de magistrados.
O presidente do TJ-RS, Marco
Antônio Barbosa Leal, pretende
seguir a Constituição do Estado,
que é menos restritiva do que a resolução do CNJ e proíbe o nepotismo apenas até segundo grau.
"Falta de tempo"
Em Pernambuco, O TJ alegou
que faltou tempo ao novo presidente Fausto Freitas, que assumiu
o cargo no dia 9, para cumprir a
resolução. Seu antecessor, Macedo Malta, determinou aos servidores que declarassem por escrito
se eram ou não parentes de magistrados. Poucos responderam.
Freitas, ex-corregedor do TJ, demitiu uma de suas filhas, que o assessorava na corregedoria.
O presidente do TJ do Paraná,
Tadeu Marino Loyola Costa, exonerou ontem 30 funcionários
com relação de parentesco com
desembargadores. Outros 75 funcionários, amparados por três liminares dadas pelo próprio tribunal, continuarão nos cargos.
No Amazonas, 33 parentes conseguiram liminares e permanecem no cargo até decisão do STF.
O presidente do TJ-AM, Arnaldo
Carpinteiro Péres, disse por meio
de sua assessoria que se sentia
constrangido em divulgar os 33
nomes. O motivo é que integra a
lista Hiliete Campelo Carpinteiro
Péres, a assistente jurídica de seu
gabinete e irmã dele e do senador
Jefferson Péres (PDT-AM). O senador já se declarou contrário ao
nepotismo.
No Rio Grande do Norte, apenas 1 dos 115 servidores enquadrados na resolução não obteve liminar para continuar no cargo.
Os demais foram beneficiados
por 31 liminares dadas por juízes
do Estado. A assessoria do TJ informou que o funcionário que
não obteve liminar ainda não foi
exonerado, pois tinha até 18h de
ontem para apresentar eventual
liminar contra a medida.
Na Paraíba, o juiz da 6ª Vara da
Fazenda Pública de João Pessoa,
Aluísio Bezerra Filho, concedeu
liminar suspendendo os efeitos da
resolução em todo o Estado. Ninguém foi exonerado.
Na decisão, o juiz considerou
que o veto à contratação de parentes, restrito ao Judiciário, é
"uma agressão ao preceito da
igualdade entre os Poderes". "O
ato discriminatório é inconstitucional", escreveu.
Em Estados como Alagoas, Maranhão e Sergipe, os Tribunais de
Justiça não divulgaram o número
de casos de nepotismo nem o número de servidores que obtiveram liminares contra a resolução
para continuar no cargo.
Ontem, no TJ do Pará havia
uma lista de 130 parentes de magistrados ou de funcionários em
cargos de confiança. Destes, 111
obtiveram liminares e permaneciam nos cargos.
O TJ do Ceará exonerou 84 servidores que se enquadravam na
resolução do CNJ. Dos 11 servidores que entraram com mandado
de segurança no próprio tribunal
para tentar se manter no cargo,
apenas dois conseguiram.
No Piauí, dos 186 casos de nepotismo identificados, 48 pediram
desligamento e os demais aguardam decisão da Justiça.
Os TJs do Acre, de Santa Catarina e de Roraima disseram que nenhum caso de nepotismo foi identificado.
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