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Comissões da Câmara são ocupadas por nomes envolvidos em escândalos
Deputados ligados ao mensalão e à máfia dos sanguessugas ganham vagas em grupos de trabalho
Uma das mais importantes da Casa, CCJ terá Maluf, João Paulo, Genoino e Mentor; acusado de violar sigilo, Palocci está em Finanças
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados acusados de envolvimento nos escândalos do
mensalão e dos sanguessugas
na legislatura passada foram
nomeados ontem para atuarem
como titulares das principais
comissões da Câmara.
O caso mais emblemático é o
da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), considerada a
mais importante da Casa, por
ter o poder de avalizar ou barrar projetos de lei antes de sua
chegada ao plenário.
Neste ano, ganharam assento
como titulares da comissão os
petistas João Paulo Cunha
(SP), José Mentor (SP) e José
Genoino (SP), todos acusados
de envolvimento com o mensalão. João Paulo e Mentor foram
absolvidos pelo plenário. Genoino estava sem mandato na
época das acusações.
"Eles foram absolvidos pelo
plenário e pela sociedade, o que
é mais importante. Não posso
considerar a existência de deputados de primeira e segunda
categoria", defendeu o líder do
PT, Luiz Sérgio (RJ).
Outros parlamentares que
enfrentaram denúncias de corrupção, entre eles o ex-prefeito
Paulo Maluf (PP-SP), também
integram a comissão. Em 2005,
ele ficou 40 dias preso, acusado
de intimidar uma testemunha.
Maluf foi denunciado por crimes de corrupção. "Ninguém
em São Paulo tem mais autoridade moral para auditar ou melhorar leis. Tenho 40 anos de
vida pública e nenhuma condenação penal", afirmou Maluf.
A polêmica na CCJ começa
pelo presidente da comissão.
Leonardo Picciani (PMDB-RJ), 27, foi eleito sem unanimidade -houve oito votos nulos e
dois brancos. Formado há poucos anos em direito e deputado
federal em segundo mandato,
ele foi criticado ontem nos bastidores por parlamentares de
diferentes partidos.
Mas o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) foi um dos únicos a assumir publicamente a
contrariedade à indicação: "A
questão [em relação a Picciani]
não é etária. É ética".
Filho do presidente da Assembléia do Rio, Jorge Picciani
(PMDB), o novo presidente da
CCJ é sócio de uma fazenda autuada pelo Ministério Público
do Trabalho por trabalho escravo em 2003 -após acordo
de R$ 250 mil, a ação foi extinta. A escolha de Picciani, que
prometeu dar prioridade aos
projetos da área de segurança
pública, teve a indicação do governador do Rio, Sérgio Cabral.
"A indicação foi política porque aqui é uma Casa política,
mas baseada na minha atuação
técnica como relator de projetos", argumentou Picciani.
Picciani não é o único integrante da bancada fluminense
do PMDB a gerar polêmica. Geraldo Pudim, ligado ao ex-governador Anthony Gartotinho
e acusado de suposta compra
de votos, também integrará a
CCJ, que terá ainda ao menos
cinco novatos como titulares.
Finanças
Segunda mais importante no
"ranking" da Casa, a Comissão
de Finanças será dirigida por
Virgílio Guimarães (MG), que
venceu uma acirrada disputa
interna no PT. Virgílio enfrentou resistência de parte da bancada após ter sido responsabilizado por levar o empresário
Marcos Valério de Souza, apontado como operador do mensalão, à ex-direção do PT.
Além disso, sua candidatura
à revelia do partido culminou
na vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da
Câmara em 2005.
Também integram a comissão o ex-ministro da Fazenda
Antonio Palocci, que deixou o
cargo após suspeita de que ele
seria o mandante da violação
do sigilo bancário de um caseiro, e João Magalhães (PMDB-MG), acusado de envolvimento
no esquema dos sanguessugas.
Outros acusados de ligação
com a máfia dos sanguessugas
também desempenharão papéis relevantes: Wellington Fagundes (PR-MT) presidirá a comissão de Desenvolvimento
Econômico, e Marcondes Gadelha (PSB-PB) faturou lugar
na de Relações Exteriores.
Outra comissão que reúne
acusados de participar do escândalo do mensalão é a do
Trabalho, onde ganharam cadeiras de titulares Paulo Rocha
(PT-PA), Sandro Mabel (PR-GO) e Pedro Henry (PP-MT)
-também investigado na máfia
das ambulâncias. Mabel e
Henry foram absolvidos pela
Câmara, e Rocha renunciou.
Na comissão de Agricultura,
estará o petista Beto Faro (PA),
que chegou a ser preso em 2003
pela Operação Faroeste da Polícia Federal. À época, ele foi
acusado de chefiar esquema de
propina para regularizar terras
griladas para madeireiros.
O pefelista Jorge Tadeu Mudalen (SP), que enfrentou a CPI
dos "Anões do Orçamento", no
governo Itamar, comandará a
Comissão de Seguridade Social.
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