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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Guerra Fria
Embora prefiram não ter de usar o arsenal, os governistas envolvidos na criação da CPI dos cartões
corporativos já armazenam dados sobre gastos realizados por autoridades na gestão FHC. Descobriram,
por exemplo, que um ministro da era tucana tinha por
hábito passar os fins de semana no Rio de Janeiro
-não raro saindo de Brasília na sexta e voltando apenas na segunda ou terça- e lançar todas as suas despesas numa conta "tipo B". A fatura apresentada incluía hotel de primeira linha, carro com motorista
(sob a rubrica "transporte executivo") e até mesmo as
pastilhas Tic-Tac consumidas durante os dias de descanso. "Se abrir esse baú, a Matilde vira uma freira
franciscana", afirma um líder da base aliada.
Barafunda 1. A confusão
com os gastos é tão grande
que a maioria dos cartões corporativos de assessores da Secretaria da Pesca é cedida pelo
Ministério da Agricultura.
Barafunda 2. Superintendentes estaduais da Pesca dispõem de cartões. No governo
Lula, a área foi desmembrada
da pasta da Agricultura, mas
não obteve autonomia para
emiti-los em larga escala.
É com ela. Líderes aliados
lembram que, por se tratar de
uma CPI mista, a coordenação da atuação dos deputados
e senadores da base deveria ficar a cargo de Roseana Sarney
(PMDB-MA), a líder do governo no Congresso. Por ora,
Henrique Fontana (PT-RS) e
Romero Jucá (PMDB-RR) é
que estão à frente da tropa.
Uníssono. O governo padronizou suas entrevistas: o
ministro Paulo Bernardo
(Planejamento), o líder do PT,
Maurício Rands (PE), e o relator indicado da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), repetiram que o
comportamento da gestão
Lula é diferente do de José
Serra (PSDB), que "tenta abafar" CPI em São Paulo.
Padrão 1. Petistas da Assembléia paulista estão debruçados sobre os gastos de
um investigador da Delegacia
Seccional de São José dos
Campos com cartões numa
oficina da cidade, a Fitcar. De
agosto a dezembro de 2007,
ele pagou quantias que variavam de R$ 8.000 a R$ 10 mil,
sempre em cifras redondas.
Padrão 2. A Secretaria de
Segurança Pública do governo
paulista diz que os pagamentos se referem a consertos de
carros de polícia. E não vê
problemas nas cifras redondas e quase sempre do mesmo
valor. "A verba autorizada para a manutenção das viaturas
é de R$ 16 mil", afirma a pasta.
Blockbuster. O assessor
presidencial Marco Aurélio
Garcia submeteu os convidados do Aerolula, na volta da
Guiana, a uma hora e meia de
documentário feito pela TV
canadense sobre a política externa do governo petista.
Musas. Não foi só o rio São
Francisco que capturou a
atenção dos senadores ontem,
na tumultuada audiência sobre a transposição. Enquanto
corria o debate, veteranos da
CPI de PC Farias promoviam
uma enquete: Letícia Sabatella hoje ou Tereza Collor então? Deu Tereza na cabeça.
Rebelde. Dilma Rousseff foi
surpreendida por Beto Albuquerque (PSB-RS) na reunião
do conselho político. O vice-líder na Câmara reclamou da
exclusão da duplicação de
uma rodovia gaúcha das prioridades do PAC. A ministra
não gostou. Quase virou
bate-boca.
Autógrafo. Presidente da
CUT, Artur Henrique aproveitou a concentração de parlamentares na festa de aniversário do PT, anteontem em
Brasília, para recolher assinaturas pró-redução da jornada
de trabalho. Conseguiu 25.
Letras. O escritor Jorge Caldeira, autor de "Mauá, Empresário do Império", foi eleito para a Academia Paulista
de Letras. O ex-governador
Cláudio Lembo (DEM), que
também concorria à vaga, desistiu na manhã de ontem.
Tiroteio
"É o sacrifício da ética, do decoro e dos
recursos públicos no altar da impunidade."
Do filósofo ROBERTO ROMANO sobre o ex-deputado Bispo Rodrigues,
do PR, que ao final de seu depoimento à Justiça dentro do inquérito do
mensalão disse que a vida de parlamentar "é um sacrifício".
Contraponto
Pela tangente
Mentor da audiência pública sobre a transposição do
rio São Francisco realizada no Senado, Eduardo Suplicy
(PT-SP) assistiu de camarote à acalorada discussão que
teve, de um lado, o ministro Geddel Vieira Lima e seu antecessor, Ciro Gomes, e, de outro, adversários da obra como dom Luiz Cappio e a atriz Letícia Sabatella.
Passadas seis horas, Suplicy ia encerrar o tiroteio quando foi interrompido por Heráclito Fortes (DEM-PI):
-Senador, a sessão não pode terminar sem que saibamos: afinal, o senhor é contra ou a favor da transposição?
Sorrindo amarelo, Suplicy respondeu:
-Como presidente não devo me manifestar, mas quero
ir até a região de Barra para conhecer a realidade local...
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