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Sessão sobre transposição no Senado acaba em bate-boca
Ex-ministro Ciro Gomes, favorável à obra, e Letícia Sabatella, contrária, discutem
Acusado pela atriz como um dos deputados que mais faltam, Ciro diz que foi o mais votado do país; d. Luiz Cappio esteve presente à audiência
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Defensores e críticos da
transposição do rio São Francisco travaram um duelo verbal
ontem no plenário do Senado.
Enquanto aliados do governo
defendiam a obra, artistas e o
bispo de Barra (BA), dom Luiz
Cappio, que por duas vezes fez
greve de fome para tentar impedir o projeto, acusaram a gestão petista de insistir na obra
para atender a interesses de
empreiteiras.
O ex-ministro da Integração
Nacional e deputado federal Ciro Gomes (PSB) bateu boca
com a atriz Letícia Sabatella,
uma das principais vozes contrárias à transposição, e acusou
dom Luiz de se considerar "intérprete superior do valor moral", quando coloca os que são a
favor da transposição como
"movidos por interesses subalternos", aproveitando-se de
sua condição religiosa.
"Eu não estou movido por interesses subalternos. Eu estou,
equivocadamente ou não, movido pelo mais superior interesse público. Eu não falo por
Deus, falo pelo mundanismo
dos pecadores como eu sou um
deles", disse Ciro, pedindo que
o bispo o encarasse. "Não vou
responder ao Ciro Gomes.
Quem desconsidera o debatedor, desconsidera o debate",
disse d. Luiz. "Não colocaria conotação moral no debate."
Ao lembrar que a transposição já está em andamento, Ciro,
pré-candidato a presidente em
2010, observou que o esforço
agora deve ser para recuperar a
área, plantando mudas, por
exemplo. E se comparou a Letícia Sabatella que, embora em
lado diferente, luta por suas
convicções. "Eu, ao meu jeito,
escolhi a opção de meter a mão
na massa, às vezes suja de cocô,
às vezes, mas minha cabeça,
não, meu compromisso, não."
O ex-ministro afirmou ainda
que os críticos do projeto precisam "tomar juízo" e, sem citar
nomes, avisou que "não tem
respeito" por alguns dos que se
posicionam contra a obra porque "eles não agem de boa-fé".
Encerrada a audiência pública, Ciro procurou Sabatella e os
atores Carlos Vereza e Osmar
Prado, também presentes, para
continuar o debate. E não gostou quando a atriz se referiu a
ele como senhor. "Nós nos conhecemos desde o seu primeiro
trabalho, por que essa formalidade?", questionou. "Porque
não temos intimidade", retrucou a atriz. E emendou: "Li no
jornal que o senhor é um dos
que mais faltam ao Congresso".
Novo embate: "Eu sou o deputado mais votado do país [proporcionalmente, foi o que teve
mais votos para a Câmara em
2006]. Hoje levei falta na Câmara e estou aqui no Senado".
O ministro
O titular da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima
(PMDB), participou do início
da audiência, convocada pelo
senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Ele negou que o fato de a
iniciativa ter partido de um governista o tenha irritado.
"O meu problema é que tinha
um compromisso hoje cedo em
Fortaleza." Geddel trocou farpas com César Borges (PTB-BA), seu adversário no Estado,
que lhe cobrou coerência. "O
ministro sempre se colocou
contra o projeto, mas mudou de
opinião pelo "Diário Oficial"."
"Todo mundo pode mudar.
Não posso acreditar que seja
pelo "Diário Oficial" que Vossa
Excelência mudou de partido
[o DEM pelo PTB] e passou a
apoiar o governo", rebateu
Geddel. Segundo ele, nos próximos dias será lançado mais um
lote para licitação, e o presidente Lula deve visitar as obras.
Ontem, o plenário da Câmara
aprovou medida provisória liberando R$ 185 milhões para o
projeto. "Evidentemente que a
obra vai beneficiar as empreiteiras. O que interessa é se estão sendo beneficiadas de forma correta ou não", afirmou.
Colaborou ADRIANO CEOLIN,
da Sucursal de Brasília
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