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Selo verde para florestas emperra no país
Brasil tem classificação descendente no ranking do Conselho de Manejo Florestal, o mais conhecido do mundo, desde 2005
Certificado garante que exploração é sustentável; dados contrariam intenção do governo de diminuir o desmatamento até 2018
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nenhuma floresta nativa no
Brasil ganhou o selo verde mais
reconhecido do mundo, o FSC
(Conselho de Manejo Florestal), em 2008. A certificação
florestal no país teve curva ascendente até 2005. Depois disso, no entanto, entrou em queda, até chegar ao menor patamar desde 2000.
Os dados vão na contramão
da intenção do governo de reduzir o desmatamento da Amazônia em 70% até 2018. Não é
possível dizer que somente as
áreas com selo FSC explorarão
adequadamente a floresta.
A certificação, porém, ainda é
a maior garantia de que a madeira extraída na área é oriunda
de um processo sustentável,
que cumpre todas as leis vigentes. Essa certeza é obtida por
meio de auditorias.
Segundo empresários e engenheiros florestais ouvidos pela
Folha, há vários motivos para o
declínio da certificação no país.
O primeiro da lista é a falta de
regularização fundiária na
Amazônia -boa parte das áreas
privadas não têm documentação completa, o que impede a
aprovação de planos de manejo
e posterior certificação.
Para Johan Zweede, diretor-executivo do IFT (Instituto
Floresta Tropical), muitos empresários se animaram anos
atrás a tentar obter o selo. Ele
diz, porém, que em 2005, quando começaram ações mais intensivas para coibir a madeira
ilegal, os que possuíam certificado foram tratados da mesma
forma que os ilegais. "Isso desestimulou o empresariado."
Tanto os empresários quanto
o IFT ressaltam que o Banco da
Amazônia, apesar de ter uma linha de financiamento para
projetos de manejo sustentável, apoiou somente uma iniciativa até hoje. "Os bancos estão acostumados a trabalhar
com agropecuária, mas não sabem lidar com floresta", diz
Marco Lentini, do IFT.
Idacir Peracchi, dono da Juruá Florestal, afirma que os
empresários esbarram "sempre na falta de áreas documentadas e na inércia do governo".
Ele possui duas áreas certificadas até agora e deve ganhar o
selo verde em mais duas áreas
neste ano no Pará.
A primeira área florestal brasileira certificada, em 1997, tinha aproximadamente 123 mil
hectares. Agora, existem 2,8
milhões de hectares com selo
-o equivalente ao território do
Haiti, por exemplo.
Entidades da Amazônia e
empresários dizem que o número de certificações só aumentará o crescimento da concessão (ou aluguel) de florestas
públicas. A primeira ocorreu no
ano passado e permitiu a exploração da Floresta Nacional do
Jamari (RO) por três empresas.
De acordo com Tasso Azevedo, diretor-geral do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), a meta
é ter, até o próximo ano, 4 milhões de hectares em processo
de concessão florestal.
Manoel Pereira Dias, presidente da empresa Cikel e da Aimex (Associação das Empresas
Exportadoras de Madeira do
Estado do Pará) afirma que a
valorização do produto aumenta com a certificação. "Acabamos de voltar da feira e ficou
claro que há uma procura muito grande por produtos certificados, porque dão garantia do
marco legal", diz.
Segundo Zweede, alguns países europeus, como a Alemanha, preferem e pagam mais
pela madeira certificada.
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