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Recibos vinculam direção do DEM a esquema, diz PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para deputados do PT, a
apreensão de recibos de doações eleitorais para o diretório nacional do DEM na casa
oficial do governador afastado do DF, José Roberto Arruda (sem partido), comprova a ligação da direção do
partido com o mensalão do
Distrito Federal.
Conforme revelou a Folha
ontem, os recibos encontrados pela Polícia Federal no
anexo da residência oficial
do governador (que deixou o
DEM logo após a deflagração
da crise) foram assinados pelo tesoureiro da Executiva
Nacional da sigla, Saulo
Queiroz. Estavam em um armário usado por Domingos
Lamoglia, então chefe de gabinete de Arruda.
Lamoglia é suspeito de arrecadar propina, que, segundo a PF, ficava com o governador e também era usada
para pagar deputados distritais da base aliada em troca
de apoio na Câmara do DF.
As doações, num valor de
R$ 425 mil, são de empresas
que fecharam negócios com
o governo da capital na gestão Arruda. A Antares Engenharia, que contribuiu com
R$ 150 mil, afirmou à Folha
que não pediu nem recebeu
qualquer comprovante da
doação. A construtora Artec,
que doou R$ 275, não quis se
manifestar.
Para o deputado federal
Geraldo Magela (DF), tanto
Arruda quanto o governador
interino, Paulo Octávio, estão "umbilicalmente ligados
ao DEM". "As impressões digitais estão por todos os lados. É uma vinculação permanente."
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP), afirmou que, "por mais que o
DEM tente se desvincular"
da crise do mensalão do DF,
"eles já foram extremamente prejudicados". "Todo o
resto que vier, como a
apreensão das notas, também vai ter consequências."
Pré-candidato petista ao
governo do DF, o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz disse que o caso tem de
ser investigado com profundidade. "Essas notas deveriam estar na tesouraria do
DEM e nunca na residência
oficial do governador. Isso
tudo é no mínimo esquisito."
Jogo político
Já lideranças do DEM nacional ouvidas pela Folha
afirmaram não ver irregularidades na apreensão dos recibos do diretório nacional
na residência de Arruda.
Ressaltaram que as doações
foram legais e contabilizadas. "Está claro que estão
tentando jogar isso tudo no
nosso colo", afirmou o deputado federal Antônio Carlos
Magalhães Neto (BA).
O tesoureiro da Executiva
Nacional do DEM, Saulo
Queiroz, afirmou que havia
enviado os recibos para as
empresas doadoras. Disse
que era estranho o fato de os
documentos estarem com o
governo do DF. Segundo ele,
poderia haver interesse das
empresas em comprovar as
doações partidárias.
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