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Em depoimento, empresário do jogo afirma que ex-assessor de Dirceu usou telefone do Palácio para convocar reunião com GTech
Cachoeira diz que Waldomiro usou Planalto
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em novo depoimento ao Ministério Público Federal, o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse
que o ex-subchefe de Assuntos
Parlamentares da Presidência
Waldomiro Diniz usou telefone
do Palácio do Planalto, onde trabalhava, para convidar a GTech a
participar de reunião. Tal iniciativa não fazia parte das atribuições
funcionais do ex-assessor.
O encontro de fato aconteceu.
Em 6 de janeiro de 2003, cinco
dias depois de ser oficialmente
nomeado para integrar o governo
petista, Waldomiro se reuniu, no
hotel Blue Tree Tower, em Brasília, com Cachoeira e os executivos
da GTech Antonio Carlos Rocha e
Marcelo Rovai, respectivamente
presidente e diretor de marketing
da empresa à época.
Segundo o depoimento de Cachoeira, Rocha teria lhe contado
que "no início de janeiro de 2003"
recebeu "quatro ligações telefônicas de Waldomiro Diniz, da Casa
Civil, nas quais o mesmo o chamava para reunião em Brasília".
Na ocasião, conforme o depoimento do empresário de jogos,
realizado no dia 9 de março, os temas foram o mercado lotérico
brasileiro e "os problemas enfrentados na negociação [da GTech]
com a Caixa Econômica Federal".
Em meio à conversa, afirma Cachoeira, Waldomiro ostentava o
cargo, apesar de não se tratar de
uma reunião oficial. Ainda segundo o empresário de jogos, o ex-assessor palaciano teria dito que,
por "sua experiência na Loterj"
-ele presidiu a loteria do Rio de
Janeiro em 2002-, "buscava informações sobre o andamento do
sistema lotérico no Brasil".
Waldomiro se reuniu com os
executivos da GTech também em
31 de março do ano passado. No
dia 8 de abril, o contrato da empresa com a Caixa, no valor de R$
650 milhões, foi prorrogado por
25 meses, mediante a concessão
de 15% de abatimento.
Na última sexta-feira, em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, o diretor de marketing da GTech do Brasil, Marcelo Rovai, e o ex-presidente da empresa no país Antonio Carlos Lino
Rocha afirmaram que, no encontro realizado em 31 de março,
Waldomiro teria dito que eles seriam procurados por uma pessoa
que deveria ser contratada como
consultora pela GTech.
A renovação do contrato da empresa com a Caixa estaria condicionada à contratação do consultor, que seria, segundo o depoimento dos executivos, Rogério
Tadeu Buratti, ex-secretário de
Governo de Ribeirão Preto (SP)
na primeira gestão do ministro
Antonio Palocci (Fazenda) como
prefeito da cidade, de 1993 a 1996.
Buratti chegou a se reunir com
representantes da GTech em Brasília. Segundo os depoimentos
dos executivos da empresa, ele teria pedido um contrato de R$ 15
milhões a R$ 20 milhões. Depois
de algumas negociações, o valor
final acertado teria sido de R$ 6
milhões, mas que acabou não
sendo pago. Buratti confirma ter
se encontrado com representantes da GTech, mas nega ter feito
qualquer negociação, inclusive de
ter tratado de valores. Diz, inclusive, não conhecer Waldomiro.
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