São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2004

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Documentos mostram como GTech mudou

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Gravações e documentos relacionados a dez reuniões em que a Caixa Econômica Federal e a GTech discutiram o contrato que sustenta o sistema de loterias do Brasil revelam uma mudança radical na estratégia da empresa.
Entre setembro e outubro de 2002, a GTech mostrava disposição para negociar os termos para um período de transição -no qual repassaria à Caixa a operação do sistema lotérico- e para entrar num acordo com o banco estatal sobre ações judiciais impetradas pela empresa que impediam o banco de realizar uma nova licitação para a condução das loterias.
Na reunião de 6 de novembro de 2002, no entanto, o diretor Rovai diz, conforme o teor das gravações, que iria "zerar" a negociação travada até então. Sua opção seria, atendendo à demanda da Caixa, conseguir a prorrogação do contrato por seis meses, reproduzindo os termos então vigentes.
Em 13 de novembro, o negociador destacado pelo banco, Carlos Cartell, então superintendente nacional de Projetos Especiais, chega a afirmar que seria "impossível" uma prorrogação. Duas reuniões não foram gravadas a pedido dos representantes da GTech.
Numa delas, os executivos da empresa propuseram prorrogar o contrato por 28 meses, suspender os embargos judiciais às licitações e até um desconto de 15% sobre o valor fechado. Foi o que acabou acontecendo. Somando-se as duas etapas em que as prorrogações ocorreram, a GTech levou 28 meses a mais de contrato.
Esse conjunto de documentos, mesmo diante de demanda oficial, não foi enviado ao Ministério Público, que requisitou a abertura de inquérito policial. As transcrições das gravações também não foram repassadas ao senador Demóstenes Torres (PFL-GO), que está em sua terceira tentativa de reunir toda a papelada referente às tratativas entre Caixa e GTech.
A Caixa informou à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa, que os documentos considerados relevantes foram enviados ao Ministério Público e ao senador do PFL.



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