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Lula afirma que vai mexer e fazer ajustes no governo
VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula tem dito em
conversas reservadas que, baixada a poeira do caso Waldomiro
Diniz, vai "mexer e fazer ajustes
no governo", segundo expressão
ouvida pela Folha na cúpula do
Palácio do Planalto e do PT.
Entre os ajustes, o principal seria um "esvaziamento" da Casa
Civil do ex-todo-poderoso ministro José Dirceu, enfraquecido pelo
caso Waldomiro. A substituição
do ministro da Saúde, Humberto
Costa, é outra mexida em estudo.
No quadro de hoje, Lula acha
que deve manter o ministro Dirceu no posto. No entanto, quer
avaliar, passado um tempo de decantação do caso Waldomiro,
qual o tamanho do estrago nas
condições para o chefe da Casa
Civil continuar a ser o "capitão do
time", definição dada pelo presidente antes do caso Waldomiro.
Waldomiro Diniz apareceu em
vídeo de 2002 pedindo propina e
contribuição de campanha a um
empresário do ramo de loterias
eletrônicas. Na época, ele presidia
a Loterj (Loteria do Estado do Rio
de Janeiro), no governo Benedita
da Silva (PT).
Homem da confiança de Dirceu
por 12 anos, Waldomiro foi nomeado subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil em 2003.
Foi demitido "a pedido" com a revelação do vídeo pela revista
"Época", em 13 de fevereiro. Desde então, o governo vive a maior
crise em 14 meses da gestão Lula.
Na última sexta-feira, surgiu um
novo nome no caso Waldomiro
Diniz: o de Rogério Buratti, ex-secretário de Antonio Palocci Filho
em seu primeiro mandato (1993-1996) à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP).
Em depoimento prestado à Polícia Federal, representantes da
multinacional GTech disseram
que Waldomiro Diniz teria condicionado a renovação do contrato
com a Caixa Econômica Federal à
contratação de Buratti.
A novidade pode esquentar novamente a crise, que o governo
acreditava estar perdendo força.
Agora, no curto prazo, a grande
preocupação do presidente Lula é
evitar que o nome de seu ministro
da Fazenda seja envolvido no caso
Waldomiro, o que poderia prejudicar sua política econômica.
Mas Lula avalia que, até para
sair da crise, precisa dar uma nova
dinâmica a seu governo.
Por isso Lula avaliará as condições de Dirceu para continuar como "capitão do time". Não é sua
intenção afastá-lo do governo
nem tirá-lo da Casa Civil, mas pelo menos retirar algumas medidas
de sua órbita de decisão.
O presidente tem demonstrado
insatisfação com o fato de que alguns assuntos chegam à Casa Civil e ficam praticamente engavetados, atrasando o andamento de
programas, gerando um grau de
imobilidade no governo.
Já há, por sinal, ministros reclamando com Lula da morosidade
da Casa Civil para analisar seus
projetos, que, obrigatoriamente,
devem passar pela pasta de Dirceu para uma última análise antes
da assinatura presidencial.
Na reforma ministerial de janeiro, Lula retirou as atribuições políticas da Casa Civil a fim de dar a
Dirceu mais tempo para cuidar da
coordenação de governo, o chamado "gerenciamento". Lula avalia que ele "não tinha pernas" para
tocar as duas tarefas.
O presidente também já tem
tratado mais diretamente com alguns ministros do que fazia antes
do caso Waldomiro vir à tona.
Segundo pessoas próximas ao
presidente, ele tem procurado
ampliar o leque de pessoas com
que ele conversa para formar sua
opinião a respeito de futuras decisões de governo.
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