São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Prefeito ainda tentou se viabilizar em reunião com Alckmin; possibilidade de candidatura a governo de São Paulo não agrada serristas

Ausência de Serra expõe divisão tucana

CONRADO CORSALETTE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A ausência do prefeito de São Paulo, José Serra, no lançamento da candidatura tucana à Presidência causou mal-estar no partido. O encontro entre Serra e Geraldo Alckmin, escolhido para disputar o Planalto, só ocorreu horas depois, à noite, por iniciativa do governador, que foi à prefeitura cumprimentar o colega.
Serra, que só anteontem admitiu ser pré-candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda tentou uma última cartada para se viabilizar como presidenciável no início da tarde, em reunião, também na prefeitura, com Alckmin. Expôs sua vontade de disputar o Planalto, mas ouviu do governador que, para isso, teria inevitavelmente de passar por disputa interna no PSDB.
O prefeito deixou claro que desistiria de seu projeto por "responsabilidade política", pois, na sua opinião, uma prévia dividiria mais o partido para a eleição. Desde então, Serra não saiu mais de seu gabinete. Ligou para o presidente da sigla, Tasso Jereissati (CE), e avisou que abriria mão da disputa. Abriu, assim, caminho para o lançamento de Alckmin.
No diretório estadual tucano, onde foi divulgada a escolha, tucanos chegaram a cogitar a presença do prefeito. Além da de Serra, outra ausência notada foi a do líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), um dos principais entusiastas da candidatura de Serra ao Planalto.
"Coloquei-me à disposição do PSDB para assumir a candidatura se isso refletisse o desejo geral de todos os setores partidários", diz trecho da nota divulgada no meio da tarde por Serra. Nela, o prefeito tenta afastar a tese do racha interno. "Meu senso de responsabilidade política leva-me a colocar acima de qualquer aspiração pessoal nosso objetivo comum."
Após o anúncio da candidatura de Alckmin, este e dirigentes seguiram do diretório para a prefeitura, onde ficaram por cerca de uma hora e meia. Após as fotos protocolares, Serra e Alckmin tiveram uma nova conversa.
Do lado de fora, os tucanos tentavam minimizar qualquer sintoma de racha. "Não adianta querer fabricar uma crise, porque o Serra vai entrar firme na campanha de Alckmin", afirmava o secretário-geral do partido, Eduardo Paes.
Os pré-candidatos tucanos ao governo paulista também apareceram na prefeitura. Todos diziam que Serra é um nome forte para uma eventual disputa, mas ressaltavam que a questão ainda não estava em pauta. "A questão não está posta", disse o deputado Alberto Goldman (SP), um dos pré-candidatos. "O prefeito ainda não pensou no assunto", disse outro pré-candidato à sucessão estadual, o secretário de Governo de Serra, Aloysio Nunes Ferreira.
Tucanos apostam que o lançamento de Serra para a disputa estadual fortaleceria o partido. Mas serristas não vêem isso com bons olhos. Dizem que ele se sacrificou pela sigla ao se candidatar em São Paulo em 2004. E não faria de novo, principalmente após a queda-de-braço com Alckmin. Mesmo que não se lance, ele sai fortalecido na escolha do nome para a disputa. Seu preferido é Ferreira.


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