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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Prefeito ainda tentou se viabilizar em reunião com Alckmin; possibilidade de candidatura a governo de São Paulo não agrada serristas
Ausência de Serra expõe divisão tucana
CONRADO CORSALETTE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A ausência do prefeito de São
Paulo, José Serra, no lançamento
da candidatura tucana à Presidência causou mal-estar no partido. O encontro entre Serra e Geraldo Alckmin, escolhido para
disputar o Planalto, só ocorreu
horas depois, à noite, por iniciativa do governador, que foi à prefeitura cumprimentar o colega.
Serra, que só anteontem admitiu ser pré-candidato à sucessão
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, ainda tentou uma última
cartada para se viabilizar como
presidenciável no início da tarde,
em reunião, também na prefeitura, com Alckmin. Expôs sua vontade de disputar o Planalto, mas
ouviu do governador que, para isso, teria inevitavelmente de passar
por disputa interna no PSDB.
O prefeito deixou claro que desistiria de seu projeto por "responsabilidade política", pois, na
sua opinião, uma prévia dividiria
mais o partido para a eleição. Desde então, Serra não saiu mais de
seu gabinete. Ligou para o presidente da sigla, Tasso Jereissati
(CE), e avisou que abriria mão da
disputa. Abriu, assim, caminho
para o lançamento de Alckmin.
No diretório estadual tucano,
onde foi divulgada a escolha, tucanos chegaram a cogitar a presença do prefeito. Além da de Serra, outra ausência notada foi a do
líder do PSDB na Câmara, Jutahy
Júnior (BA), um dos principais
entusiastas da candidatura de
Serra ao Planalto.
"Coloquei-me à disposição do
PSDB para assumir a candidatura
se isso refletisse o desejo geral de
todos os setores partidários", diz
trecho da nota divulgada no meio
da tarde por Serra. Nela, o prefeito
tenta afastar a tese do racha interno. "Meu senso de responsabilidade política leva-me a colocar
acima de qualquer aspiração pessoal nosso objetivo comum."
Após o anúncio da candidatura
de Alckmin, este e dirigentes seguiram do diretório para a prefeitura, onde ficaram por cerca de
uma hora e meia. Após as fotos
protocolares, Serra e Alckmin tiveram uma nova conversa.
Do lado de fora, os tucanos tentavam minimizar qualquer sintoma de racha. "Não adianta querer
fabricar uma crise, porque o Serra
vai entrar firme na campanha de
Alckmin", afirmava o secretário-geral do partido, Eduardo Paes.
Os pré-candidatos tucanos ao
governo paulista também apareceram na prefeitura. Todos diziam que Serra é um nome forte
para uma eventual disputa, mas
ressaltavam que a questão ainda
não estava em pauta. "A questão
não está posta", disse o deputado
Alberto Goldman (SP), um dos
pré-candidatos. "O prefeito ainda
não pensou no assunto", disse outro pré-candidato à sucessão estadual, o secretário de Governo de
Serra, Aloysio Nunes Ferreira.
Tucanos apostam que o lançamento de Serra para a disputa estadual fortaleceria o partido. Mas
serristas não vêem isso com bons
olhos. Dizem que ele se sacrificou
pela sigla ao se candidatar em São
Paulo em 2004. E não faria de novo, principalmente após a queda-de-braço com Alckmin. Mesmo
que não se lance, ele sai fortalecido na escolha do nome para a disputa. Seu preferido é Ferreira.
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