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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CASSAÇÕES
Relatório contra petista recebeu 9 votos; plenário vota hoje dois processos de perda de mandato
Conselho pede a cassação de João Paulo; tucano foi contra
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética da Câmara
aprovou ontem à noite o pedido
de cassação do ex-presidente da
Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), pelo placar de 9 votos a 5. O
parecer do deputado Cezar Schirmer (PMDB-RS) agora segue ao
plenário, onde irá a voto provavelmente em 29 de março.
A surpresa foi o voto do tucano
Bosco Costa (SE), suplente no
conselho, que apareceu na última
hora e ficou contra a cassação.
Costa substituiu Mendes Thame
(PSDB-SP), que teria viajado repentinamente. "Votei de acordo
com minha consciência, porque
tenho dúvidas sobre a responsabilidade atribuída ao deputado
João Paulo", afirmou.
Votaram também contra a cassação Ângela Guadagnin (PT-SP),
Benedito de Lira (PP-AL), Sandes
Junior (PP-GO) e Edmar Moreira
(PFL-MG). Acompanhando o parecer do relator ficaram Chico
Alencar (PSOL-RJ), Orlando Fantazzini (PSOL-SP), Nelson Trad
(PMDB-MS), Ann Pontes
(PMDB-PA), Jairo Carneiro
(PFL-BA), Moroni Torgan (PFL-CE), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e
Julio Delgado (PSB-MG).
A sessão durou o dia inteiro e foi
tensa. Houve pesadas acusações
de João Paulo a Schirmer, chamado pelo ex-presidente da Câmara
de "mentiroso", "omisso",
"agressivo" e "preconceituoso".
Pouco antes, Schirmer, que em
seu parecer já havia acusado João
Paulo de mentir sobre o saque feito por sua mulher no valor de R$
50 mil do "valerioduto", havia feito um duro discurso acusando o
petista de ter como único argumento a palavra do ex-tesoureiro
do PT Delúbio Soares.
"O tempo vai se encarregar de
julgar a mim, mas também ao deputado Schirmer. (...) V. Exa.
[Schirmer] mente, usa a mentira.
Não é só a mentira. V. Exa. é
omisso. Para não dizer do caráter", afirmou petista, para quem
Schirmer falseou provas.
O peemedebista ouviu e, ao final, atribuiu a explosão a "angústia e sofreguidão" de João Paulo.
A troca de acusações veio ao final de um dia quente. Logo no começo, Guadagnin, agindo de forma coordenada com João Paulo,
formulou uma questão de ordem
pedindo a exclusão de um capítulo inteiro do relatório de Schirmer, que tratava do contrato firmado entre a Câmara e a agência
SMPB, do publicitário Marcos
Valério de Souza.
O contrato foi contestado por
um relatório do Tribunal de Contas da União, que, segundo Guadagnin, tem caráter preliminar.
Após uma hora de debate, a
questão de ordem foi recusada
pelo presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), com o argumento de que não poderia interferir no voto do relator.
Guadagnin não se deu por vencida e passou a ler um contra-relatório, contestando uma a uma
as acusações do parecer de Schirmer. Levou três horas para ler as
80 páginas, apesar de seu tempo
regimental ser de dez minutos.
A petista rebateu a tese de que
houve irregularidades no contrato com a SMPB, dizendo que a licitação comandada por João Paulo obedeceu a critérios técnicos.
No plenário
Após as duas absolvições da semana passada, em que foram
mantidos os mandatos dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e
Professor Luizinho (PT-SP), o
plenário da Câmara vota hoje, a
partir das 16h, os processos de
cassação do ex-líder do PP Pedro
Henry (MT) e do presidente do
partido, Pedro Corrêa (PE).
No primeiro caso, o relatório do
Conselho de Ética recomenda a
absolvição de Henry, apontado
pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como o responsável
por "distribuir" os recursos do
caixa dois do PT para a bancada.
Os integrantes do conselho aceitaram o argumento de que não
havia provas contra o deputado.
Já a tendência em relação ao deputado Corrêa é de aprovar o relatório do conselho, que pediu sua
cassação. Corrêa é apontado como destinatário de R$ 4,1 milhões
do esquema do publicitário Marcos Valério de Souza.
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