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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/LISTA DE FURNAS
Última página de documento tem alterações, mas assinatura de Dimas Toledo pode ser verdadeira
Laudo aponta montagem em lista sobre caixa 2 em estatal
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Laudo do INC (Instituto Nacional de Criminalística), órgão da
Polícia Federal, afirma haver indícios de "montagem", "alterações"
ou "implantes" na última página
do documento que ficou conhecido como a lista de Furnas.
O laudo, no entanto, diz que há
"convergências" entre a assinatura do ex-diretor da estatal Dimas
Toledo e aquela do documento
que registra beneficiários e contribuintes de um suposto caixa dois
de R$ 40 milhões que teria sido arrecadado na empresa em 2002.
O laudo detectou a existência de
problemas de alinhamento entre
as linhas de texto e entre essas e a
assinatura de Dimas. O laudo registra a possibilidade de que a assinatura do ex-diretor tenha sido
transplantada de outro documento para a lista investigada.
Como a análise foi feita sobre
uma cópia autenticada, não é possível chegar a uma conclusão técnica irrefutável sobre a autenticidade do documento e da assinatura de Toledo que consta do material. Além disso, ressalva a análise do INC, as distorções de alinhamento encontradas na quinta página da lista podem ser resultado
do processo utilizado para a reprodução do material.
Chamou a atenção dos peritos o
fato de essa quinta página ter sido
impressa em tecnologia diferente
da usada para reproduzir as demais. No exemplar em poder da
PF, as primeiras quatro páginas
foram copiadas de um suposto
original que estaria nas mãos do
lobista Nilton Monteiro. A quinta
página foi primeiro digitalizada e
depois impressa em jato de tinta.
Monteiro prometeu sucessivas
vezes entregar o original à PF. Se
não cumprir a promessa, sua situação pode mudar de colaborador para investigado.
A lista de Furnas é investigada
pela PF no inquérito que apura irregularidades na estatal, por meio
do qual haveria arrecadação de
caixa dois sob a coordenação de
Dimas, que nega a acusação. A suposta contabilidade paralela indica o nome de 156 políticos que teriam recebido o dinheiro ilegal.
O laudo do INC também analisou as rubricas atribuídas a Dimas que constam do documento.
A conclusão é que, apesar de facilmente copiáveis por sua simplicidade de traços, também apresentam convergências que indicam
ter sido colhidas do próprio punho do ex-diretor de Furnas.
Ainda assim, o laudo repete, para as rubricas, a mesma ressalva
que faz para a assinatura dele: podem ter sido transplantadas. São
verdadeiros os selos de cartório
que indicam a autenticação da cópia investigada pela PF e o reconhecimento da firma de Dimas.
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