São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sopa para o azar

Tanto empenho do governo em impedir a CPI do Apagão Aéreo se deve a informações de que o Ministério Público vai soltar nas próximas semanas um pacote de denúncias nos contratos de obras e serviços da Infraero no primeiro mandato de Lula.
Responsável pela repaginação de aeroportos, a autarquia se transformaria no centro da CPI. Governistas da linha de frente da obstrução lembram que a CPI dos Correios nasceu para investigar o "petequeiro" Maurício Marinho, mas terminou com o indiciamento de ex-ministros e parlamentares. A CPI dos Bingos, criada para investigar Waldomiro Diniz, ajudou a derrubar Antonio Palocci. E a apuração sobre os sanguessugas teve semanas só dedicadas ao "dossiegate".

É guerra 1. A ordem da oposição, ontem, era obstruir todos os trabalhos na Câmara, especialmente nas comissões. Na de Direitos Humanos, um festival de manobras regimentais, discursos e requerimentos atrapalhou a audiência de familiares das vítimas do acidente do metrô de SP.

É guerra 2. Teve de tudo na tumultuada sessão da Comissão de Constituição e Justiça: a leitura da ata da reunião, que normalmente é desprezada pelos parlamentares, foi feita depois do recurso sobre a CPI. Não bastasse isso, recebeu inusitadas emendas de deputados do PSDB.

Troco. Paulo Pimenta (PT-RS) apresentou requerimento na Comissão de Fiscalização e Controle convocando o secretário estadual dos Transportes de São Paulo, José Luiz Portela, para prestar esclarecimentos sobre o acidente do metrô.

Obstáculo. Lula resiste à fórmula de última hora apresentada pelo PT para manter o comando da articulação política. Tão logo surgiu o nome de Henrique Fontana (RS), líderes de outros partidos da base mandaram recado ao Planalto que preferem Walfrido Mares Guia no posto.

DNA 1. O deputado Odílio Balbinotti (PMDB), que deverá assumir a pasta da Agricultura, não era a primeira opção da bancada do Paraná, que defendia a indicação do vice-governador Orlando Pessuti.

DNA 2. Quem pressionou por Balbinotti foi o ex-deputado José Borba, que renunciou ao mandato na época do escândalo do mensalão. Curiosamente, o futuro titular da Agricultura denunciou o caso dos "pianistas", quando Borba foi flagrado votando para um colega de bancada.

Próximos capítulos. Além da criação da TV do Executivo, o governo estuda uma grande reformulação da Radiobras. A estatal deve fornecer pessoal e estrutura para a nova TV, mas não se sabe se ficará ligada à Secom ou diretamente à Presidência.

Melhores amigos. Luciana Genro (PSOL-RS), que nos tempos de PT era crítica mordaz da política econômica de Lula, ontem conversou longamente com Antonio Palocci (PT-SP) para pedir apoio a um projeto. Solícito, o ex-ministro prometeu analisar.

Aliado. Depois de ampliar a bancada na Câmara para cinco deputados, o PAN (Partido dos Aposentados da Nação) deverá ser o novo integrante do conselho político. De saída da articulação política, Tarso Genro autorizou a adesão.

Espetáculo. Único deputado efetivamente eleito pelo PAN, Cléber Verde (MA) afirma que até o fim de abril a bancada ganhará mais oito filiações, todas do Nordeste. "As conversas para trazer novos deputados são feitas lá no cafezinho mesmo", explica.

Outro lado. O advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, afirma que não houve determinação oficial para que técnicos da AGU pedissem informações ao PFL sobre o mandado de segurança ao STF pela instalação da CPI do Apagão Aéreo.

Tiroteio

"Não estamos criando um instrumento no modelo cubano ou venezuelano, de culto à personalidade. Trata-se de uma TV pública". Do ministro das Comunicações, HÉLIO COSTA, sobre a polêmica causada pelo anúncio de que o governo estuda criar uma emissora de TV para divulgar ações do Executivo.

Contraponto

Serviço despertador

Na quarta-feira da semana passada, a sessão da Câmara se estendeu até tarde da noite devido ao acalorado debate em torno da CPI do Apagão Aéreo. A dada altura, a bancada do PSDB reparou que, enquanto o pau quebrava entre governo e oposição, José Aníbal (SP) cochilava no plenário. O também tucano Duarte Nogueira (SP) foi para o fundo do plenário e discou para o celular do colega:
-Deputado, sou seu eleitor. Fiquei muito decepcionado ao vê-lo na TV dormindo em vez de defender a CPI.
Sobressaltado, Aníbal foi logo se defendendo:
-Quem está falando? Não estou dormindo nada!
Ainda tentou se explicar, até perceber o trote.


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