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Historiador vê esforço de Obama para melhorar relação com AL
Moniz Bandeira acha que Brasil só conseguirá vaga no Conselho de Segurança da ONU se a crise econômica provocar um colapso no sistema internacional
DA REDAÇÃO
O historiador Luiz Alberto
Moniz Bandeira, 73, avalia que
o encontro Lula-Obama resulta
do empenho do governo norte-americano em melhorar seu relacionamento com a América
Latina. Autor de "Presença dos
Estados Unidos no Brasil", Moniz Bandeira acredita que a crise econômica vai obrigar os
EUA a reduzir suas atividades
militares na América do Sul.
FOLHA - Obama aparentemente
aceita mudanças na ONU, mas não a
inclusão de novos membros com poder de veto no Conselho de Segurança. O que o Brasil pode esperar?
LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA - A
reivindicação do Brasil com
respeito à participação no Conselho de Segurança da ONU
vem de um compromisso de
Franklin Roosevelt com Getúlio Vargas, que ele não conseguiu cumprir em virtude dos
vetos da Inglaterra e da União
Soviética em 1945. O presidente Fernando Henrique Cardoso
também lutou pela inclusão do
Brasil no CS, razão pela qual assinou o TNP, mas nada conseguiu. Creio que seja muito difícil, por enquanto, qualquer reforma substancial nesse órgão.
As potências que compõem o
CS da ONU dificilmente cederão o poder a outros países, salvo se a crise econômica provocar um colapso político no sistema internacional de poder.
FOLHA - Bush tinha uma relação
tensa com a Venezuela e Cuba, mas
uma relação tranquila com o Brasil.
Quais as perspectivas sob Obama?
MONIZ BANDEIRA - Obama demonstra que deseja melhorar
seu relacionamento com os
países da América Latina. O
Departamento de Estado reconheceu o caráter democrático
do plebiscito mediante o qual
Hugo Chávez conseguiu o direito de candidatar-se sucessivamente à Presidência e tende
a aliviar a política contra Cuba.
Mas a curto prazo Obama não
poderá revogar as leis Helms
Burton e Torricelli e o embargo
decretado por John Kennedy
em 1962, porque isso depende
de aprovação do Congresso, o
que por enquanto ele não terá
condições de conseguir.
FOLHA - A Marinha dos EUA recriou
sua Quarta Frota, mas não ampliou
o número de navios na América do
Sul. Qual é o sentido dessa decisão?
MONIZ BANDEIRA - A dívida pública dos EUA já atingiu US$
10,9 trilhões. E essa dívida recresce com os trilhões que Obama vem aplicando para conter
o agravamento da crise. Diante
de tal situação, os EUA não poderão manter o aparato militar
que hoje têm em todo o mundo.
A crise vai levar os EUA a reduzir ou mesmo abandonar o Plano Colômbia e outras atividades militares, não só na América do Sul, mas em outras regiões também. A guerra no Iraque está perdida, e no Afeganistão a situação só tem piorado.
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