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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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RUMO A 2004

Partido quer definir nomes neste ano e evitar debates com correntes internas

PT antecipa escolha de seus candidatos e atropela prévias

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT decidiu ontem, em reunião de sua Executiva Nacional, em São Paulo, antecipar o debate interno sobre as eleições de 2004 e trabalhar contra a realização de prévias partidárias para a escolha dos futuros candidatos a prefeito.
A estratégia é evitar o que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou, em discurso no final do ano passado, de "luta fratricida" dentro do partido. Na prática, porém, a decisão deve dificultar os debates entre as diversas correntes do partido.
As prévias, garantidas em estatuto do PT, são as eleições internas que escolhem os candidatos da legenda às eleições majoritárias após debates entre seus programas e projetos.
"Vamos negociar politicamente para diminuir o número de prévias, para diminuir o tensionamento, para que os debates, se ocorrerem, sejam em uma temperatura morna", disse o presidente nacional do PT, José Genoino.
Menos de quatro horas após a declaração do presidente, apoiada pela reunião da Executiva, a senadora Heloísa Helena (AL) deixou o encontro, na sede nacional do partido, criticando a posição de Genoino. "As coisas dentro do PT não funcionam desse jeito, no cabresto, na força", disse a senadora.
A Executiva aprovou calendário segundo o qual até o dia 3 de outubro deste ano os diretórios municipais devem decidir se farão alianças com outros partidos e se serão necessárias eleições prévias para a escolha do candidato.
O período para a realização das prévias irá de 1º de novembro a 9 de maio do ano que vem. Antes de outubro, porém, Genoino disse que visitará os principais diretórios municipais, especialmente nas capitais, em busca de um consenso que evite os pleitos.
"A prévia é um direito estatutário, mas nós vamos negociar para evitá-las", disse Genoino. O calendário deve obrigar os diretórios municipais a escolherem seus candidatos ainda neste ano, o que, pela estratégia da Executiva, evitará desgastes em ano eleitoral.
Tradicionalmente, as prévias do PT ocorriam entre abril e maio do ano das eleições.
Segundo o presidente do PT, em alguns Estados as disputas internas podem ser "traumáticas". Ele citou como exemplo o Rio Grande do Sul, onde, no ano passado, os ministros Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social) e Olívio Dutra (Cidades) disputaram a indicação do partido como candidato ao governo. O primeiro levou a melhor, mas acabou derrotado nas urnas.
"Qual o melhor caminho? É criar um disputa fratricida? Achamos que não", disse o secretário-geral de organização do PT, Silvio Pereira, coordenador do grupo montado ontem para comandar o processo eleitoral no partido.
Ao todo, o grupo terá nove membros, cinco deles da corrente majoritária do PT, da qual fazem parte Genoino e Pereira.

Prioridade
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, faz parte da Executiva Nacional do PT, mas não participou da reunião de ontem. Pereira e Genoino afirmaram que ela irá disputar a reeleição, pois, segundo eles, não deverá ocorrer prévia na capital do Estado.
"São Paulo é a prioridade da prioridade, pelo peso e pela força, e Marta reúne todas as condições para se reeleger", disse Genoino.
Em pesquisa Datafolha publicada no último dia 7, Marta Suplicy recebeu a pior avaliação de seus dois anos e três meses de administração -a taxa de ruim ou péssimo chegou a 45%.
Pelo menos 150 cidades, incluindo todas as capitais, receberão atenção especial do PT.


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