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REFÉM DA BASE
Na Câmara, PP e PTB também evitam sessão
PMDB no Senado se rebela contra governo e impede votação de MP
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o PL deixar o
bloco de apoio ao governo no Senado, o descontentamento generalizado da bancada do PMDB
forçou o adiamento da votação da
medida provisória que faz mudanças na estrutura do Executivo
e cria cerca de 2.800 cargos de
confiança. A MP corria o risco de
ser derrubada no plenário com os
votos dos peemedebistas.
Em reunião com Renan Calheiros (AL), o líder do PMDB, senadores reclamaram do tratamento
dado pelo governo e de problemas com o PT nos Estados. Decidiram defender um salário mínimo de US$ 100 (R$ 289) e criticaram a MP dos cargos e a medida
que regulamenta a cobrança da
Cofins sobre importados.
A votação da MP da Cofins também foi adiada, já que a suspensão da votação da dos cargos
manteve a pauta do Senado trancada. Na próxima semana, dificilmente haverá votação por causa
de feriado no dia 21. Outra MP na
pauta que encontra resistência no
PMDB é a que proibiu os bingos.
"Eu estou tentando contornar a
insatisfação dos senadores, mas a
bancada está muito nervosa", admitiu Renan. Após a reunião da
bancada, ele aconselhou o governo a pedir adiamento da votação
da MP dos cargos, o que foi feito.
Para os peemedebistas, a criação desses cargos é uma forma de
o PT reforçar seu caixa, já que os
filiados que ocupam cargos públicos pagam contribuição à sigla.
Na tentativa de contornar a rebelião do PMDB -partido estratégico por ter a maior bancada no
Senado-, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou jantar
com a cúpula da sigla para hoje.
Deverão comparecer o presidente do Senado, José Sarney
(AP), o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), e os líderes na Câmara e no Senado.
As insatisfações do PMDB têm
diferentes razões. O próprio Renan tem cobrado publicamente
do governo o cumprimento do
acordo pelo qual ele sucederia
Sarney na presidência do Senado.
Sarney articula para permanecer.
A eleição municipal traz questões paroquiais. Além disso, quase todos os 22 senadores têm
queixas de demandas não atendidas pelo governo e divergências
com o PT nos seus Estados.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), reconheceu que o governo "não deu
a atenção devida à sua base".
Mercadante fez distinção entre
as situações do PMDB e do PL. O
primeiro partido, segundo o senador, não foi parceiro de campanha e tem um peso político maior.
"A prioridade é tratar o PMDB."
Câmara
Após alguns dias de trégua, o
governo voltou a enfrentar rebelião em sua base aliada também
na Câmara. Os governistas PTB e
PP, que somam 106 deputados, se
recusaram a registrar presença no
plenário e evitaram que houvesse
sessão por falta de quórum.
O motivo da revolta foi o mesmo que levou os dois partidos a se
rebelarem dias atrás, ajudados na
ocasião pelo PL: verbas não liberadas, indicações para cargos não
efetivadas e insatisfação com o
tratamento dado por ministros.
Os governistas tentaram votar
medidas que trancam a pauta. O
PP, que já não registrava presença
no plenário desde a semana passada, conseguiu a adesão do PTB.
Sem os dois partidos, o governo
não obteve o quórum mínimo.
Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília
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