|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grupo de 800 sem-terra invade fazenda em RS
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma fazenda de 4.000 hectares foi invadida na manhã de
ontem por cerca de 800 pessoas ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em São Gabriel
(329 km de Porto Alegre).
No mesmo dia, o Sindicato
Rural de São Gabriel pediu a
reintegração de posse da área,
que pertence ao fazendeiro Alfredo Southall. A Justiça determinou que os sem-terra deixem o local até sexta-feira.
Ao todo, as fazendas de Southall somam 13 mil hectares.
O MST exige a desapropriação da área, que, segundo o movimento, acumula dívidas de
quase R$ 42 milhões com o
Banco do Brasil e o INSS.
A Brigada Militar acompanhava a ação na área, no início
da noite, com 70 soldados.
O presidente do sindicato rural, Tarso Teixeira, afirmou que
a propriedade tem dívidas, mas
não informou o valor. "São dados sigilosos", justificou.
Segundo ele, 11 funcionários
da fazenda tiveram de sair do
local antes da invasão. O proprietário determinou também
a retirada de máquinas e de alguns animais. A água e a luz da
fazenda foram cortadas.
Teixeira afirmou que a fazenda é produtiva, tem plantação
de soja e de arroz e áreas de pastagem. Segundo o presidente
do sindicato rural, antes da
ação realizada ontem, muitas
fazendas foram assaltadas na
região e munições foram
apreendidas com lideranças
sem-terra na semana passada.
De acordo com Cedenir de
Oliveira, coordenador estadual
do MST, a ação foi pacífica e
ninguém estava armado durante a invasão da propriedade.
"Sempre quando há ações como essa, os fazendeiros dizem
que estamos armados. Mas nos
últimos anos, só sem-terra foi
morto. Nunca provaram nada
contra a gente", disse ele.
Desapropriação
O MST afirma que, em novembro do ano passado, o governo federal prometeu assentar mil famílias na área.
A fazenda chegou a ser desapropriada em 2003, mas o processo foi suspenso pelo STF
(Supremo Tribunal Federal).
A relatora do processo foi a
ministra Ellen Gracie. Na época, o então deputado estadual
Frei Sérgio Görgen (PT-RS), ligado ao MST, disse que Ellen
Gracie era parente de Maria
Palmeiro da Fontoura, então
mulher do dono da área.
Ellen Gracie divulgou uma
nota na ocasião afirmando que
não tinha parentesco com os
proprietários de terras.
De acordo com informações
divulgadas pelo sindicato rural,
85% do PIB (Produto Interno
Bruto) do município vem do
agronegócio -principalmente
arroz, soja e trigo.
(MATHEUS PICHONELLI)
Texto Anterior: Sem-terra invadem propriedades rurais em quatro Estados Próximo Texto: Tarso critica decisão do STF sobre reserva Índice
|