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TSE vê "indícios de grave irregularidade" em doações
Ayres Britto diz que corte irá apurar doações de entidade criada pelo setor imobiliário
Segundo Maurício Ribeiro Lopes, promotor eleitoral, o presidente da AIB, que nega irregularidades, terá de prestar esclarecimentos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos
Ayres Britto, avaliou ontem
que existem "indícios de grave
irregularidade" nas doações
eleitorais feitas por entidade
criada pelo setor imobiliário de
São Paulo para driblar a legislação eleitoral e ocultar os verdadeiros responsáveis pelos repasses do setor, segundo revelou reportagem da Folha.
"Pelo que diz o jornal, trata-se de instituição de fachada",
disse Ayres Britto. "A Justiça
Eleitoral não pode ficar indiferente. Vamos apurar."
O promotor eleitoral Maurício Ribeiro Lopes, de São Paulo, disse que convocará o presidente da AIB (Associação Imobiliária Brasileira), Sérgio Ferrador, para dar esclarecimentos. Nas eleições de 2008, a AIB
foi a segunda maior doadora
individual (R$ 6,5 milhões). A
associação não tem site, escritório em funcionamento e, segundo Ferrador, não tem associados nem receita fixa.
A Folha conversou com sete
candidatos que foram beneficiados pela associação. Quase
todos disseram, de forma reservada, que negociaram os repasses com diretores do Secovi-SP, que se autodenomina o
"maior sindicato do setor imobiliário de São Paulo". A legislação eleitoral proíbe que "entidade de classe ou sindical"
doe para campanhas eleitorais.
"Estou de acordo, no mérito,
que essa AIB é uma figura fantasma que serve para diluir o
nome de quem faz a doação",
disse o promotor. A Folha tentou contatar Ferrador, mas não
recebeu resposta até o fechamento desta edição.
Anteontem, ele e o presidente do Secovi, João Batista Crestana, defenderam a atuação
conjunta do setor como forma
de fortalecer o lobby da categoria, mas negaram que a AIB seja de fechada e afirmaram que
tudo é legal. Também disseram
que a associação foi criada por
empresas, não pelo sindicato.
Crestana e Ferrador não revelaram quais empresas doaram.
O deputado Ivan Valente
(PSOL-SP) entrou com representação na Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo
pedindo apuração das doações.
(FELIPE SELIGMAN)
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