São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ministro diz que coligação formal é difícil, mas apoio pode ser firmado em documento

Tarso quer registrar no papel aliança informal com PMDB

Sérgio Lima - 13.mai.2006/Folha Imagem
Peemedebista exibe dinheiro aos integrantes da ala governista


RANIER BRAGON
FERNANDO RODRIGUES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois do encontro nacional do PMDB decidir que o partido não deve ter candidato próprio à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), coordenador político do governo, disse ontem que procurará a legenda para tentar uma "coligação política" entre PT e PMDB ainda no primeiro turno das eleições.
"Se não houver a coligação formal, que reconheço ser difícil, podemos fazer uma "coligação política", que pode ser até firmada em um documento, com compromisso em relação à montagem e participação no governo", disse.
No sábado, o PMDB decidiu, durante convenção extraordinária em Brasília, não ter candidatura própria por 351 votos contra 303. Embora seja difícil, esse cenário ainda pode mudar até junho, mês das convenções partidárias, já que a ala do partido que defende a candidatura própria trava na Justiça uma batalha para fazer valer sua posição. Tarso Genro tem encontro hoje com um dos pré-candidatos do PMDB, o ex-presidente Itamar Franco, para discutir as eleições. Itamar afirmou que respeitaria a decisão de sábado.
Apesar de defender a "coligação política" com o PMDB, Tarso disse ainda não ter descartado a hipótese de PT e PMDB se coligarem oficialmente ainda no primeiro turno. Essa possibilidade é remota já que o PMDB teria que aprová-la em convenção. E o ânimo da maioria peemedebista, no momento, é não ter candidato à Presidência como forma de liberar as coligações nos Estados.
Se disputasse a sucessão de Lula ou se fosse vice, o partido ficaria engessado regionalmente devido à verticalização -regra segundo a qual o partido não pode se aliar no Estado a uma legenda da qual seja adversária na disputa nacional. "Sabemos que é difícil a coligação, mas mesmo essa perspectiva não podemos abandonar. O PMDB irá se unificar depois dessa convenção e terá papel fundamental para qualquer governo. Nossa intenção é que essa união possa proporcionar não mais um governo de retalhos, mas um realmente de coalizão", disse Tarso.
Além do respaldo político e logístico, o possível apoio formal do PMDB acrescentaria a Lula estimados oito minutos diários na propaganda eleitoral gratuita, cerca de 10% do tempo total estimado para todos os candidatos
O encontro de ontem do PMDB foi mais um capítulo na disputa interna da legenda entre ter ou não candidatura própria -o principal nome da legenda na disputa é o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que afirmou anteontem manter as esperanças de concorrer ao Planalto.
Convenção do PMDB realizada em dezembro de 2004 definiu que o partido teria candidato à Presidência e que isso só não ocorreria caso dois terços dos convencionais decidissem em contrário.
Estimulados pela manutenção da verticalização e pelo enfraquecimento de Garotinho, abalado por acusações de irregularidades, a ala governista da legenda e setores da ala oposicionista se uniram e acabaram isolando o ex-governador do Rio. Com isso, a Executiva do partido aprovou na sexta-feira que bastaria maioria simples dos convencionais -e não dois terços- para que a tese da candidatura própria fosse derrubada.

Alencar
O convite que o PT-MG pretende fazer provavelmente amanhã ao vice-presidente José Alencar (PRB-MG) para que ele dispute o Senado, formando chapa com os petistas, foi criticado pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), favorito à reeleição. Aécio disse "estranhar a facilidade com que o PT descarta" o nome de Alencar para ser vice na chapa de Lula e disse que Alencar merece ser bem tratado.

Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte


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