São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2007

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Aeronáutica restringe visita da CPI

Deputados que investigam crise aérea foram ao Cindacta, mas não tiveram acesso a controladores de vôo

"O que vimos hoje aqui não explica o que aconteceu no dia 30 de março", afirmou a deputada Luciana Genro, uma das integrantes da CPI


LEILA SUWWAN
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma visita monitorada e dirigida ao Cindacta 1, em Brasília, na qual os deputados da CPI do Apagão Aéreo não tiveram acesso aos controladores de vôo, a Aeronáutica aproveitou ontem, segundo relato dos parlamentares, para se queixar da retenção de recursos do fundo destinado à manutenção do sistema aéreo do país.
A visita dos parlamentares ao principal centro de controle aéreo brasileiro durou duas horas e meia, mas o percurso delimitado pela Aeronáutica excluiu o contato direto com os controladores. Os deputados passaram cerca de 15 minutos observando o trabalho dos controladores de um mirante isolado.
Os membros da CPI conheceram departamentos de defesa aérea, centrais de busca e salvamento e tiveram "aulas" de meteorologia e segurança de vôo. Todo o trajeto foi acompanhado por militares.
A Aeronáutica argumentou questões de segurança para evitar o contato direto dos deputados com os controladores. Segundo ela, os sargentos poderiam se desconcentrar.
"O que vimos hoje aqui não explica o que aconteceu no dia 30 de março", disse a deputada Luciana Genro (PSOL-RS).
O Cindacta 1 é o órgão responsável por mais de 75% do fluxo aéreo nacional, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Foi lá onde ocorreu o motim que fechou os aeroportos de todo o país no dia 30 de março.
A única deficiência reconhecida pela FAB foi o déficit de controladores. Segundo o coronel Eduardo Raulino, comandante do Cindacta-1, o centro de controle de área (ACC) precisa de 220 controladores, mas hoje só tem 188.
O início da visita teve a presença do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que despediu-se com um breve pronunciamento, no qual citou a "oportunidade de mostrar a excelência das condições de trabalho aqui proporcionadas".
Os deputados também tiveram uma rápida reunião com o brigadeiro Ramón Cardoso, chefe do Decea (Departamento de Controle de Espaço Aéreo). No encontro, falaram sobre a retenção de verbas do Fundo Aeronáutico, abastecido com recursos recolhidos em passagens e em aeroportos.
Segundo relato dos deputados, Cardoso disse que "seria muito bom" se o dinheiro não fosse retido. Em dezembro, a Aeronáutica confirmou que esse fundo acumulou um superávit de R$ 364 milhões em três anos e o valor ficou de ser repassado em três parcelas.
O Ministério da Defesa afirma que apenas 7,4% das verbas para esse setor foram contigenciadas nos últimos quatro anos.


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