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Serra e Marinho fecham um acordo sobre servidores de SP
Estado efetivará 205 mil funcionários temporários para não transferi-los ao INSS
Sem a medida, Estado teria de pagar R$ 15 bi ao INSS; ministro diz que S. Paulo não será punido mesmo que não consiga aprovar lei a tempo
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob pressão do governo paulista, dos servidores estaduais e
da bancada estadual do PT, o
ministro Luiz Marinho (Previdência) fechou ontem um acordo com o governador José Serra para permitir que 205 mil
trabalhadores temporários do
Estado fiquem no regime de
previdência do serviço público.
Hoje esses trabalhadores se
aposentam pelo regime dos
servidores estaduais. Como a
reforma da Previdência de 1998
determinou que o ocupante de
"cargo temporário" se submetesse ao regime geral de previdência, tais empregados teriam
de ser transferidos ao INSS.
Para driblar o problema (que
implicaria a transferência de
R$ 15 bilhões aos cofres do
INSS), o governo Serra enviou
um texto à Assembléia determinando que esses servidores
sejam considerados efetivos.
Além de autorizar que esses
temporários ganhem o status
de servidor público, Marinho
admitiu a possibilidade de outro afago ao governo paulista: a
emissão de um Certificado de
Regularidade Previdenciária
(CRP) para São Paulo, mesmo
que a conversão dos temporários em efetivos não seja aprovada até o dia 28 deste mês.
Nesse caso, o Estado não terá
cumprido os pré-requisitos para a obtenção do CRP, perdendo o direito a repasses da União
e a obtenção de empréstimos.
Apesar disso, Marinho admitiu
a possibilidade de uma brecha
legal para São Paulo: "Se houver dificuldade de aprovação
por questão de 30 dias, não vamos punir o Estado por isso".
O acordo foi selado na tarde
de ontem no Palácio dos Bandeirantes, apesar da troca de
farpas entre Serra e Marinho
sobre a culpa pela confusão.
De manhã, Marinho já tinha
acenado com a possibilidade de
acordo durante uma reunião
com servidores e deputados petistas. À noite, Serra admitiu
que, sem uma negociação com
o INSS, poderia enfrentar problemas judiciais: "Isso só pode
ser feito mediante um acordo
com o Ministério da Previdência e o INSS. Se não poderia dar
problema no futuro", disse.
Ex-procurador-geral do Estado e professor de direito
constitucional da USP, Elioval
da Silva Ramos admite a possibilidade de problemas na Justiça: "Algum órgão de controle
vai questionar". Segundo ele,
como o governo abdicaria da
receita proveniente da contribuição desses temporários, o
governo pode ser acusado de
omissão. Nada impede que a
medida seja questionada no Supremo Tribunal Federal por
efetivar trabalhadores contratados sem concurso público.
Questionado sobre ações na
Justiça, Marinho afirmou: "Vamos aguardar. Não vamos antecipar os lances da bola antes de
a bola chegar". Segundo o ministro, "se os 205 mil forem enquadrados como efetivos, está
resolvido: eles passam ter a
proteção do regime próprio".
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