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Viana recusa Meio Ambiente e secretário de Cabral assume
Lula anuncia Carlos Minc para vaga de Marina e diz que política ambiental não muda
Antes de fazer o convite oficial ao então secretário do Ambiente do Rio, petista se reuniu com Jorge Viana, que não aceitou o cargo
LETÍCIA SANDER
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que confirmou o nome de Carlos Minc no
Ministério do Meio Ambiente,
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou que nada muda em relação à política ambiental do governo com a saída
de Marina Silva. Diante da
chanceler alemã, Angela Merkel, ele disse que, na sua administração, não existe "política
de ministro", e sim de "Estado".
"A companheira Marina se
foi, a política continua", afirmou Lula, em entrevista no início da tarde, no Planalto.
"A política ambiental no Brasil não muda porque, no nosso
governo, nós criamos no Brasil
uma palavra mágica chamada
transversalidade. Criamos essa
palavra para que não tivesse
política de ministro. Não tem
política do ministro do Meio
Ambiente, não tem política do
ministro da Comunicação, não
tem política do ministro da Indústria e Comércio", explicou.
Lula levou menos de 24 horas para confirmar o substituto
de Marina. Minc, que estava em
Paris, recebeu um telefonema
do presidente às 15h45 de ontem, momento em que o convite para o cargo foi oficializado.
Eles se reunirão pessoalmente
na segunda. A data da posse não
foi confirmada. Minc era secretário do Ambiente do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ)
Antes de ligar para Minc, Lula conversou com o ex-governador Jorge Viana (PT-AC) sobre a possibilidade de ele assumir o ministério. Ele disse não.
O presidente aproveitou a
presença da comitiva alemã em
Brasília para tentar amenizar
repercussões internacionais
negativas sobre a saída de Marina. Ontem, ele elogiou a ex-ministra e disse ter recebido a
notícia com um misto de "sofrimento" e "alegria".
"Eu não sei se vocês já tiveram filhos que um dia comunicam a vocês: estou saindo, vou
morar sozinho, vou estudar em
outro lugar. E você fica num
misto de sofrimento, porque
não quer que o filho saia, e fica
num misto de alegria, porque a
pessoa, quando toma a decisão,
está pensando que aquilo que
ela vai fazer é melhor para sua
própria vida. Eu me senti assim. Ninguém tem dúvida no
Brasil do carinho que eu tenho
pela Marina, antes do PT e depois do PT, antes da CUT e depois da CUT, antes de ser presidente e depois de ser presidente... É uma relação de 30 anos."
Na prática, entretanto, Marina teve uma relação atribulada
com o Planalto nos cinco anos e
quatro meses em que permaneceu no cargo. Lula demonstrava insatisfação com o desempenho da então ministra e ficou
particularmente irritado com a
forma com que ela anunciou
sua saída. Marina enviou uma
carta de demissão para o chefe-de-gabinete do presidente e até
ontem, segundo o Planalto, não
havia falado com o petista.
Lula defendeu ontem a agenda ambiental do governo, dizendo que ela precisa ser tratada com o mesmo carinho que os
temas sociais. Mas depois, em
entrevista no Itamaraty, reconheceu que o ministério representa um ponto de tensão "em
qualquer governo". Também
admitiu que as idéias da ex-ministra se e chocavam com as de
outros colegas. Mas disse que
isso é comum.
Diante da chanceler alemã,
Lula defendeu a produção dos
biocombustíveis, dizendo que
eles são sustentáveis do ponto
de vista ambiental e social. E
rebateu as críticas de que a
bioenergia é responsável pelo
aumento do preço dos alimentos e pela devastação, dizendo
que "esse é um debate que envolve interesses econômicos
muito fortes".
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