São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Petista rejeita pasta para não dividir partido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-governador Jorge Viana era o nome preferido pelo Planalto para o Meio Ambiente, mas chegou ao encontro com Lula praticamente decidido a não aceitar o convite por estar convencido de que o presidente não aceitaria suas condições.
A maior preocupação de Viana era não criar atritos com sua amiga Marina Silva, pondo em risco a harmonia política no Acre, e aceitar um ministério esvaziado não seria bem aceito pelo grupo da ex-ministra, que topava apoiá-lo desde que tentasse resgatar poderes retirados do ministério por Lula.
Viana e Marina são do PT e ligados ao movimento ambiental, mas ele tem um perfil mais pragmático, enquanto Marina é considerada uma "purista" na defesa de causas ambientais. Para Viana, toda vez que ele concordasse com um ministro de outra área contra posições assumidas até agora pelo Meio Ambiente, isso seria visto como uma desautorização de Marina.
Viana só poderia aceitar caso Lula atendesse a três pedidos do PT do Acre: dar a ele o comando do PAS, liberar todas as unidades de conservação ambiental e manter as restrições de crédito a empresários acusados de desmatamento ilegal.
Ele, porém, nem chegou a detalhar as condições a Lula por avaliar que elas não seriam atendidas. O presidente, por seu lado, não teve a iniciativa de questionar Viana sobre suas condições para assumir. Lula chegou a dizer ontem que nem havia convidado Viana a pasta.
O ex-governador tinha o apoio ostensivo dos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação) e do secretário particular de Lula, Gilberto Carvalho. Os três consideravam que ele reunia três ótimas condições para o cargo: é do PT, do grupo de Marina e mais flexível que ela. Com tal perfil, ele neutralizaria o impacto externo e interno da saída de Marina e agradaria aos ministros que a criticavam.
O fator eleitoral teve grande peso no "não" de Viana, que articula uma chapa do PT no Acre em 2010: seu irmão, Tião Viana, ao governo, com ele e Marina para o Senado. Daí seu medo de rachar o partido. Além disso, ele teve um tumor benigno na cabeça em 2007 e não queria uma função tão desgastante.
(ELIANE CANTANHÊDE E VALDO CRUZ)


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