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Petista rejeita pasta para não dividir partido
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-governador Jorge Viana
era o nome preferido pelo Planalto para o Meio Ambiente,
mas chegou ao encontro com
Lula praticamente decidido a
não aceitar o convite por estar
convencido de que o presidente
não aceitaria suas condições.
A maior preocupação de Viana era não criar atritos com sua
amiga Marina Silva, pondo em
risco a harmonia política no
Acre, e aceitar um ministério
esvaziado não seria bem aceito
pelo grupo da ex-ministra, que
topava apoiá-lo desde que tentasse resgatar poderes retirados do ministério por Lula.
Viana e Marina são do PT e ligados ao movimento ambiental, mas ele tem um perfil mais
pragmático, enquanto Marina
é considerada uma "purista" na
defesa de causas ambientais.
Para Viana, toda vez que ele
concordasse com um ministro
de outra área contra posições
assumidas até agora pelo Meio
Ambiente, isso seria visto como
uma desautorização de Marina.
Viana só poderia aceitar caso
Lula atendesse a três pedidos
do PT do Acre: dar a ele o comando do PAS, liberar todas as
unidades de conservação ambiental e manter as restrições
de crédito a empresários acusados de desmatamento ilegal.
Ele, porém, nem chegou a detalhar as condições a Lula por
avaliar que elas não seriam
atendidas. O presidente, por
seu lado, não teve a iniciativa de
questionar Viana sobre suas
condições para assumir. Lula
chegou a dizer ontem que nem
havia convidado Viana a pasta.
O ex-governador tinha o
apoio ostensivo dos ministros
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
Franklin Martins (Comunicação) e do secretário particular
de Lula, Gilberto Carvalho. Os
três consideravam que ele reunia três ótimas condições para
o cargo: é do PT, do grupo de
Marina e mais flexível que ela.
Com tal perfil, ele neutralizaria
o impacto externo e interno da
saída de Marina e agradaria aos
ministros que a criticavam.
O fator eleitoral teve grande
peso no "não" de Viana, que articula uma chapa do PT no Acre
em 2010: seu irmão, Tião Viana, ao governo, com ele e Marina para o Senado. Daí seu medo
de rachar o partido. Além disso,
ele teve um tumor benigno na
cabeça em 2007 e não queria
uma função tão desgastante.
(ELIANE CANTANHÊDE E VALDO CRUZ)
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