São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

PT saudações

Marta Suplicy surgiu ontem, em longo programa eleitoral para São Paulo, no meio do Jornal Nacional, disposta a baixar a taxa de rejeição neste início de campanha.
Lá estava o senador Eduardo Suplicy, falando com destaque, ele que serve como antídoto à rejeição do eleitorado.
Entre clipes de Duda Mendonça, entre imagens com crianças, a prefeita sorria. E mostrava muito dos CEUs, as simpáticas escolas de periferia, e das obras quase prontas, às vésperas da liberação do trânsito.
Em entrevista ao "Valor", o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, dizia ontem que a rejeição de Marta depende do que "vai acontecer quando tirarem os tapumes".
 
Mas o programa só mostrou petistas -até o inusitado João Paulo, presidente da Câmara e um desafeto do ministro Aldo Rebelo, do PC do B.
Nada de aliados. É um retrato do que o PT vem impondo pelo país inteiro.
Da Agência Nordeste veio a notícia, no fim de semana, de que o PT cearense não vai apoiar o candidato do PC do B, como queriam o governo federal e o ministro Ciro Gomes, do PPS. Lá se foi a articulação que, segundo o site Ucho, previa o irmão de Ciro para governador e o irmão de José Genoino para vice, em 2006.
Do Ceará para Minas, onde o socialista João Leite saiu candidato, segundo o "Estado de Minas", discursando sobre sua ligação com o governador tucano Aécio Neves. O PSDB não tem candidato próprio em Belo Horizonte e pode apoiá-lo.
O PSB, da base governista, agora tem candidato em BH e São Paulo, com uma Luiza Erundina que anteontem, no Canal Livre (Band), atacava Marta Suplicy sem parar. Mas os dois candidatos "não prejudicam a aliança com o PT", insiste o líder socialista Miguel Arraes.
No PPS, o conflito é ainda maior. Comerciais trazem Arnaldo Jardim, prefeiturável paulistano, citado por telejornais locais como ligado ao tucano Geraldo Alckmin, em ataque sem trégua ao governo Lula. E o presidente da sigla, Roberto Freire, chamou reunião hoje para "enquadrar" sua bancada, que quer votar com o governo em temas como o salário mínimo.
E tem o PMDB, cujo presidente e suposto prefeiturável em São Paulo, Michel Temer, disse ao site Congresso em Foco que "divergências com o PT nas eleições municipais" podem "agravar o relacionamento". O baiano Geddel Vieira Lima, peemedebista tucano, agarrou a deixa e disse a "O Globo" que "o PT vai massacrar seus aliados nas eleições", porque é de sua "índole buscar a hegemonia".
E por aí vai, no país todo.

ZANGADO

O italiano Antonio Negri, co-autor de "Império", dá entrevista ao site Trópico, no UOL, e se derrete:
- Meu julgamento do governo Lula é absolutamente positivo. Estou muito zangado com certas camadas da esquerda local que não entenderam nada do que Lula procura fazer, do que Néstor Kirchner procura fazer.

A INVASÃO

FHC fala ao "La Nacion"/Dirceu fala ao "Clarín"
O ex-presidente FHC, o ministro José Dirceu e um sem-número de brasileiros baixaram em Buenos Aires para o feriado prolongado. A invasão dos brasileiros foi destaque na cobertura local, mas foram o ex-presidente e o ministro que disputaram mais espaço.
Dirceu teria dado um "aval tácito" às negociações da Argentina com o FMI, tema que domina a imprensa por lá. FHC tratou de dizer que "o FMI confia mais em Lula do que em Kirchner", o presidente argentino.

INEXPERIÊNCIA

O Exército está nas ruas de São Paulo, Piauí, Minas, diz a Globo, sempre citando que as tropas não estão no Rio.
Já no Haiti, onde também estão, o desejo pelas tropas não é tão grande. O primeiro-ministro, noticia o "Miami Herald", teme a "inexperiência" de Brasil e Argentina -e pede aos EUA para manter um contingente no país.

Sul-sul-norte
Do "New York Times" ao "La Nacion", do Jornal Nacional ao Bom Dia São Paulo, o encontro da ONU está em toda parte, com as palavras diplomáticas do secretário-geral e as metáforas do presidente brasileiro.
Exortações contra a miséria não faltaram, mas ao menos Lula lembrou de dizer que a relação sul-sul não se sobrepõe ao comércio com o norte.

Soberania
Quase ninguém notou, mas o francês "Le Monde" não deixou passar a presença de José Bové, o líder dos ruralistas e antiglobalizantes da França, em São Paulo. Ele defendeu a "soberania alimentar" ou algo assim.

Devagar
Mais importante, as negociações entre a União Européia e o Mercosul andaram um pouco, segundo o "Financial Times". Mas não muito, como sublinhou o chanceler Celso Amorim, na Globo News.

A chave
Também andaram um pouco as conversas no âmbito da Organização Mundial do Comércio, segundo as agências Dow Jones e France Presse. Do representante comercial dos EUA:
- Nós todos chegamos à conclusão de que a agricultura é a chave para destravar a porta.

Concorrência
Da manchete do site Drudge Report, próximo dos republicanos de George W. Bush:
- Depois da semana Reagan, agora começa o verão Clinton.
É que Bush não consegue voltar a protagonizar o noticiário, com a morte de Ronald Reagan, o aniversário de seu pai, George Bush, e o livro de Bill Clinton.
É o que também ressalta o "Washington Post", dizendo que estão todos "roubando a cena" do presidente-candidato.

Turnê
Mas é Clinton o problema maior. Segundo o "New York Times", ele planeja usar a turnê de lançamento de sua autobiografia, iniciada ontem, para alavancar a campanha presidencial do democrata John Kerry.

"Escândalo!"
Coincidência ou não, Clinton voltou ao noticiário e o tablóide "National Enquirer" noticiou um novo escândalo sexual. Mas este no governo Bush.
Segundo o jornal sensacionalista, "a Casa Branca treme diante de um escândalo sexual que atinge os mais altos escalões do governo Bush". O caso envolveria a assistente de um líder republicano. Ela decidiu relatar suas aventuras num diário de internet -um blog. Um registro do dia 18 de maio:
- Acabo de almoçar com F e fazer uns US$ 400 rápidos.


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