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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PT
Presidente nacional do PT admite porém ter dividido despesas de campanha nas cidades onde os dois partidos estavam coligados
Genoino nega repasse de R$ 4 mi ao PTB
CATIA SEABRA
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Após assistir ao depoimento de
Roberto Jefferson (PTB-RJ) "na
casa de um amigo" e ao lado do
tesoureiro do partido, Delúbio
Soares, o presidente do PT, José
Genoino, negou, na noite de ontem, o repasse de R$ 4 milhões para o PTB nas eleições de 2004, mas
admitiu ter tratado de "apoio material" nas cidades onde PT e PTB
estavam coligados, "tipo programa de TV, camisetas, folhetos".
"A planilha era a relação de cidades onde íamos fazer campanha conjunta. Jamais repasse de
dinheiro para o PTB. Era a divisão
de despesas e, onde o PT tinha a
cabeça de chapa, a maior parte era
por conta do PT", disse. Ele não
precisou o total gasto com o PTB
na campanha de 2004 sob o argumento de que o registro era feito
por município e não por partido.
"Não tenho noção dos valores
porque era cidade por cidade. A
planilha à que ele se refere era de
cidades", repetiu. Embora resistindo, Genoino confirmou ter
participado da reunião citada por
Jefferson, em maio do ano passado, no PT de Brasília. Mas frisou:
"Nunca tratei de dinheiro com o
senhor Roberto Jefferson. Não teve só essa reunião, não. Teve em
maio, teve em abril. Deve ter havido outras. Tratávamos de acordos
eleitorais nessas cidades".
Segundo ele, foram dezenas as
cidades em que houve aliança entre PTB e PT, como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. "Lembro
agora de São João de Meriti e Juiz
de Fora", aludindo a duas cidades
onde o PT apoiou o PTB no segundo turno. Genoino afirma que
essas despesas (incluindo shows,
deslocamento de políticos, campanha de vereadores) foram registradas na prestação de contas
do PT. Insistindo em acusar Jefferson de calúnia, mentira e difamação, Genoino alterou o tom de
voz ao responder se o fato de Delúbio e o secretário-geral do PT,
Sílvio Pereira, não se manifestarem era uma estratégia de defesa.
"Não aceito que esse cidadão,
com a minha história, com a minha vida, faça de uma mentira
uma acusação e e eu esteja aqui fazendo uma estratégia de defesa.
Não preciso. A verdade é isso. O
PT não vai aceitar se transformar
em uma nova Escola Base", reagiu, referindo-se à acusação, que
se provou falsa, feita em 1994 contra os donos da escola de terem
abusado sexualmente de crianças.
Ele disse que aceita uma acareação com Jefferson: "Claro. Agora!
Olho no olho. Ele está fazendo um
rol de mentiras e calúnias. Estou
tranqüilo, indignado de ver um
acusado fazer um teatro para acusar as pessoas do PT sem limite de
responsabilidade".
Por orientação da cúpula, a sede
do PT foi esvaziada na tarde de
ontem. Alvos de Jefferson, Delúbio e Silvio Pereira saíram do prédio logo de manhã. A permanência de Delúbio foi de cerca de uma
hora. Na véspera, segundo um integrante da Executiva, os dois foram orientados a não participar
da reunião da cúpula do PT em
Brasília. A idéia é não dar ressonância ao "teatro" de Jefferson.
Ontem, Delúbio chegou com
Genoino à sede do PT, enquanto,
encaminhados pela assessoria de
imprensa, jornalistas esperavam
no auditório do partido. Delúbio
não participou da coletiva. Silvinho, que, segundo Genoino, também passou na casa desse "amigo
petista", não foi ao PT. Segundo o
presidente do PT, a Executiva decidiu que ele falará em nome da
sigla. Mas os dois "não estão proibidos". "Falam na hora que quiserem. É uma decisão pessoal."
Na entrevista, Genoino fez um
apelo para que não haja um prejulgamento do PT. Mas as denúncias já ameaçam contaminar a
reunião do diretório no sábado.
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