São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Stephanes diz que dado sobre região é "ficção"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) critica a compilação de dados da produção agropecuária da Amazônia Legal porque resultam de uma "ficção geográfica": "Qualquer estatística produzida sobre a Amazônia Legal confunde a cabeça da população brasileira porque o povo acha que Amazônia Legal é floresta", disse.
A Amazônia Legal é a área de abrangência do PAS (Programa Amazônia Sustentável) e reúne oito Estados (AC, AP, AM, MT, PA, RO, RR e TO), além de parte do Maranhão. O bioma Amazônia, sinônimo de floresta, domina 83% desse território, de acordo com os limites dos biomas traçados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A Folha falou com Stephanes na quarta. O ministro pediu tempo para mandar calcular o volume de carne e soja produzidos dentro do bioma Amazônia. Dois dias depois, a assessoria do Ministério da Agricultura informou que a parcela do rebanho da Amazônia Legal criada em área de cerrado se resume a 27%. Mesmo no Mato Grosso, Estado que reúne o maior rebanho, a maioria das cabeças de gado (56%) está no bioma Amazônia e não no cerrado.
O Ministério da Agricultura não apresentou dados para a soja, mas a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) avalia que menos de 2% da produção do grão na Amazônia Legal tenham avançado o limite do bioma Amazônia.
De acordo com cálculo da CNA, o corte de crédito aos produtores rurais que não comprovem regularidade ambiental -medida que entra em vigor no mês que vem- atingirá um "universo bastante limitado" da produção de soja.
A produção de carne na Amazônia tampouco sofreria efeito direto da restrição de crédito determinada por resolução do Banco Central, avalia a CNA. Apesar disso, a confederação orientou seus associados a contestarem na Justiça a medida, uma das mais importantes do pacote de combate ao desmatamento.
A entidade apóia a ampliação de 20% para 50% do limite de desmatamento na Amazônia, proposta em projeto de lei que tramita na Câmara. O presidente Lula se comprometeu com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) a vetar a mudança, caso ela venha a ser aprovada.


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