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CPI da Petrobras depois do recesso é desejo dos aliados
Mesmo com recuo da oposição, investigação sobre estatal começaria só em agosto
Festas juninas e férias dos congressistas impediriam início imediato da CPI; base acredita que assunto deve perder destaque até agosto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da disposição do
PSDB de abrir mão da relatoria
da CPI das ONGs, o que deve
possibilitar a instalação da comissão que investigará a Petrobras, líderes da base aliada ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no Senado trabalham para adiar o início dos trabalhos
para depois do recesso.
A aposta é que as comemorações de São João no Nordeste
esvaziem o Congresso pelo menos até o início de julho. As férias de meio de ano dos congressistas começam no dia 18
de julho e seguem até agosto. Se
a CPI só começar depois disso,
os governistas apostam que o
assunto terá perdido destaque.
Alguns senadores da base
aliada acreditam ainda que,
com algumas exceções, a defesa
de investigações pela oposição
é apenas discurso.
Nesta semana, o líder do
PSDB, senador Arthur Virgílio
(AM), se reúne com a bancada e
com o DEM para decidir se
aceita deixar a relatoria da CPI
das ONGs. Sua saída é tratada
como possível pela oposição.
Esta comissão foi instalada
em 2007 e termina no início do
ano que vem. Seu objetivo é investigar suposto favorecimento
e desvio de recursos públicos
por ONGs (organizações não
governamentais). A oposição
declarou querer usar o posto
para investigar repasses a entidades ligadas aos movimentos
sociais e ao PT.
O líder do DEM no Senado,
José Agripino Maia (RN), ressalta, no entanto, que seu partido e o PSDB precisam definir
qual das CPIs, a das ONGs ou a
da Petrobras, é mais importante neste momento.
Para Agripino, o governo está
em posição confortável porque,
se conseguir enterrar a CPI da
Petrobras, terá desgaste com a
opinião pública, mas muito menor do que o de se ver envolvido
nas investigações da estatal.
Se Virgílio aceitar sair da relatoria da CPI das ONGs, o discurso oficial da base aliada é
apenas o de que vão aceitar
uma negociação. "Acredito que,
se ele [Arthur Virgílio] abrir
mão, nós podemos sentar para
conversar e tentar sair desse
impasse", disse o líder do PTB
no Senado, Gim Argello (DF).
A relatoria da CPI das ONGs
foi a condição apresentada pelos governistas para a instalação da CPI das Petrobras. A base aliada quer que o senador
Inácio Arruda (PC do B-CE)
volte ao cargo com o objetivo de
impedir que Virgílio conduza
as investigações.
Arruda perdeu a relatoria depois de se tornar suplente da
comissão para assumir vaga de
titular na CPI da Petrobras.
Os senadores pretendem investigar patrocínios considerados suspeitos, manobras contábeis que teriam sido feitas pela
empresa para pagar menos imposto e denúncias de superfaturamento na refinaria Abreu e
Lima (PE). A Petrobras negou
publicamente irregularidades
nestes três itens. A estatal alega
ser alvo de uma disputa política
entre situação e oposição.
Contratos sob suspeita
O PSDB também afirmou ontem que pedirá ao procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza, abertura de
investigação sobre os contratos
assinados pela gerência de Comunicação da área de Abastecimento da Petrobras.
A Folha revelou ontem que o
setor comandado pelo então
funcionário Geovane de Morais repassou R$ 4 milhões em
2008, sem licitação, a duas produtoras de vídeo de Salvador
que prestavam serviços a políticos do PT, incluindo o governador Jaques Wagner.
Do total repassado, R$ 1,5
milhão foi para a filmagem de
festas de São João e Carnaval
na Bahia.
Morais foi demitido por justa
causa em abril, após a estatal
constatar indícios de irregularidades nos contratos sob a responsabilidade dele, incluindo
suspeita de desvio de recursos.
A Petrobras afirma não ter
identificado sinais de favorecimento ao PT e diz que, desde
dezembro passado, apura irregularidades. A estatal também
determinou análise de todos os
contratos e pagamentos efetuados pela gerência em 2008,
o que deve ser concluído até o
fim do ano.
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