|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASE ALIADA
Presidentes da Câmara e do Senado discutem sobre o Judiciário
Temer faz crítica a ACM, que
reage e o chama de imoral
Alan Marques/Folha Imagem
|
Antonio Carlos Magalhães após entrevista |
RAQUEL ULHÔA
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), classificou o presidente da Câmara,
Michel Temer (PMDB-SP), de incompetente, invejoso, despeitado,
sabotador e imoral. Foi uma reação a uma nota em que Temer acusou ACM de se intrometer em assuntos da Câmara.
O novo confronto entre integrantes da base aliada do governo
se deu em torno da reforma do Judiciário. Ao contrário de ACM, Temer defende a manutenção da Justiça Trabalhista.
"As coisas morais nunca foram o
forte do sr. Michel Temer. A prova
disso é a luta que ele faz pelo porto
de Santos", disse ACM, sem esclarecer a insinuação. A assessoria do
senador informou apenas que é
conhecida a posição de Temer em
defesa do porto de Santos.
"Nunca ouvi falar dele (como
constitucionalista) ou soube de
qualquer aluno dele importante",
afirmou. "Ele não queria a CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) do Judiciário, porque não
queria que se descobrissem as
imoralidades que estamos descobrindo", disse o senador.
Na nota que provocou a reação
de ACM, Temer disse que o presidente do Senado está se intrometendo em assuntos dos deputados
ao falar da reforma do Judiciário,
conduzida pela Câmara.
Na semana passada, ACM criticara Temer pela intervenção no
projeto de reforma do Judiciário.
Temer atropelou o relator do projeto, Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), defendendo a manutenção da Justiça do Trabalho. Nunes Ferreira, que tem apoio de
ACM. "Temer está sabotando o relator", disse o senador.
"Reforma do Judiciário não é
matéria para curioso. É para quem
tem autoridade no tema. Eu a tenho, exatamente por ser advogado
e professor de direito constitucional. Além disso, o sr. presidente do
Senado poderá dizer o que queira
quando a matéria chegar à Casa
que preside. Aqui, quem discute e
decide são os deputados", disse
Temer na nota.
"Isso (a nota de Temer) não é
problema de governo. É problema
do presidente da Câmara, despeitado com o presidente do Senado.
Tem a ver com o temperamento do
dr. Michel Temer, que não aceita o
êxito de qualquer outro. Até porque falta-lhe estatura", disse ACM.
O presidente do Senado acusou
Temer de impedir a votação do
Código de Processo Civil e do projeto que estabelece a súmula vinculante (segundo a qual uma decisão
do Supremo Tribunal Federal deve
ser seguida por juízes de instância
inferior) "por causa do corporativismo dos advogados e por causa
dos juízes de primeira instância".
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), Reginaldo de Castro, conversou ontem
com Temer por telefone e considerou as afirmações de ACM um preconceito contra os advogados.
O bate-boca é mais um atrito entre aliados do presidente Fernando
Henrique Cardoso. Na semana
passada, PFL, PMDB e PSDB se desentenderam por causa da indicação do diretor-geral da PF.
O presidente do Senado questionou a competência profissional de
Temer e disse que o peemedebista
só foi eleito presidente da Câmara
por causa do "esforço" do deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), morto em abril de 1998, filho
de ACM e ex-presidente da Câmara, e "respondeu com inveja".
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice
|