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CASO TRT
Advogado de Nicolau dos Santos Neto declara que voz que está nas gravações divulgadas não é a de seu cliente
Ex-juiz diz que fitas não são autênticas
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) Nicolau dos Santos Neto negou ter
mantido qualquer tipo de conversa com o conteúdo da que foi publicada anteontem pela revista
"IstoÉ", segundo o seu advogado
Alberto Zacharias Toron.
O advogado do juiz afirmou que
Santos Neto teria entrado em
contato com sua família e afirmado que não manteve diálogo com
nenhuma pessoa, cujo teor estaria
relacionado com o suposto esquema de desvio de verba para a
construção do Fórum Trabalhista
de São Paulo.
Hoje Santos Neto comemora
seu aniversário de 72 anos. Ele está foragido da Justiça desde o dia
25 de abril, quando teve sua prisão preventiva decretada, acusado pelo Ministério Público Federal de crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
No dia 4 de maio, a Justiça decretou novamente a prisão do juiz
aposentado, desta vez acusado
por formação de quadrilha, corrupção, peculato e estelionato no
desvio de verba para a construção
do fórum trabalhista.
Gravações obtidas pela revista
mostram supostas conversas
mantidas entre o juiz aposentado
e pessoas não identificadas.
Os diálogos comprovariam o
envolvimento de pessoas do alto
escalão do governo federal com o
desvio de verba para a construção
do fórum, que atingiu cerca de R$
169 milhões.
Na conversa são citados o ex-secretário-geral da Presidência da
República Eduardo Jorge Caldas
Pereira, o ministro do Planejamento, Martus Tavares, e o senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Toron afirmou que a família do
juiz aposentado não reconheceu
as expressões utilizadas por ele
nos trechos das gravações transcritos por jornais e pela revista e
nem a voz do juiz.
O juiz aposentado é chamado
de "senhor". Isso teria causado estranheza à família, dado o conteúdo da conversa. Para Toron, houve "inserções" de expressões nas
falas que não seriam próprias do
ex-juiz Santos Neto, segundo seus
familiares.
Segundo ele, o juiz aposentado
não teria ouvido as gravações da
conversa pela Internet, disponíveis no site da revista.
Ele afirmou ainda que acha estranho o fato de não conseguir
ouvir as fitas com clareza pela Internet (a revista colocou a íntegra
das gravações disponível em seu
site). Toron contestou que seja de
seu cliente a voz que aparece na fita divulgada.
Para Toron, as fitas aparecem
neste momento para acusar o senador Tuma de participação no
suposto esquema.
"Causou profunda estranheza a
todos a forma como o senador
aparece nas fitas. A quem interessa atingir o senador neste momento?", perguntou o advogado
de Santos Neto.
"O Nicolau não tem nada com o
Tuma e nada contra o Tuma",
disse Toron, afirmando que dos
diálogos transcritos, a única coisa
que "sobraria" seria o nome do
senador do PFL.
Toron fez uma petição para a
juíza substituta da 1ª Vara Criminal Federal, Raecler Baldresca, para que as gravações sejam anexadas aos autos. A juíza encaminhará o procedimento para o Ministério Público para que emita um
parecer sobre o pedido de anexo
das fitas ao processo.
O advogado pretende pedir
uma perícia técnica nas gravações
para comprovar se a voz que aparece nas gravações é mesmo a do
juiz aposentado.
O advogado também afirmou
que pediu à Justiça que se oficiasse a Polícia Federal para se comprovar se existe qualquer tipo de
procedimento investigatório contra Nicolau dos Santos Neto.
Para ele, é ilegal que a polícia
mantenha qualquer tipo de gravação de conversas que envolvam
o juiz se não existe nenhum tipo
de investigação dele com o órgão.
As gravações das conversas do
juiz aposentado teriam sido feitas
pela Polícia Federal e pela Abin
(Agência Brasileira de Informações) em investigações que duraram cerca de uma ano.
Toron afirmou que não haveria
sentido o juiz manter este tipo de
conversa em um período em que
as coisas estavam "ebulindo" (no
ano passado a CPI do Judiciário
investigou Santos Neto, que já vinha sendo investigado pelo Ministério Público Federal desde
1998).
O advogado do juiz aposentado
afirmou que há a possibilidade de
o juiz se apresentar à Justiça, depois que o seu habeas corpus seja
julgado pelo TRF (Tribunal Regional Federal).
Como o tribunal está em recesso, a votação, que está com a 5ª
Turma, deve ficar para agosto.
Desembargadores desta mesma
turma negaram o habeas corpus
de Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Teixeira Ferraz, dos
donos da Incal, construtora responsável pelas obras do fórum.
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