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Nomeação de
cunhado sofreu
impugnação
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A nomeação de Antônio Dirane, irmão da mulher do senador Romeu Tuma (PFL-SP), a
juiz classista do TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) em 1996
sofreu uma impugnação por
parte da Amatra (Associação
dos Magistrados da Justiça do
Trabalho).
Dirane foi nomeado juiz classista da 42ª Junta do TRT em 13
de novembro de 1996 e tomou
posse 17 dias depois como representante do Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria da
Construção Pesada no Estado
de São Paulo.
Argumentos
Segundo os registros mantidos pela Amatra, a impugnação -que não foi aceita pelo
TRT nem em recurso pelo TST
(Tribunal Superior do Trabalho)- apresentava dois argumentos principais:
1) o cunhado do senador Tuma trabalhava numa empresa
de construção como economista, atividade que, segundo a
associação dos juízes, "tem sindicato diferenciado e indica
candidatos a juiz classista".
2) a documentação apresentada por ele para sua nomeação
revelava que o sindicato que representava possuía apenas 320
associados em todo o Estado, o
que, ainda segundo a Amatra,
indicava a falta de representatividade numa categoria com
"milhares de empregados".
Segundo o então presidente
da Amatra, juiz Pedro Sampaio
Garcia, a impugnação ocorreu
"porque Dirane não representava a categoria, como exige a
lei, e o sindicato era ilegítimo".
A contestação da nomeação
de Dirane, irmão de Zilda Dirane Tuma, mulher do senador
paulista, foi apresentada pela
Amatra em 5 de novembro de
1996, não sendo, no entanto,
acatada pelo TRT.
Mas, conforme declara o
atual presidente da associação
de juízes do trabalho, Carlos
Husek, "os argumentos apresentados nem sequer foram
apreciados pelos TRT".
De acordo com o ex e com o
atual presidente da Amatra, o
tribunal não acatou a impugnação aceitando a alegação
preliminar da defesa, de acordo
com a qual a associação não tinha legitimidade para contestá-la. "Ora, a nomeação de um
juiz classista é de interesse público, pode ser contestada por
qualquer pessoa, não apenas
pela Amatra", afirma Garcia.
Ainda conforme Carlos Husek, um recurso foi impetrado
em 6 de abril de 98 no Tribunal
Superior do Trabalho, que acabou seguindo a decisão tomada
pela corte de São Paulo.
A nomeação e a posse de Antônio Dirane ocorreram no
mesmo ano em que as obras
superfaturadas da sede do
TRT-SP receberam mais verbas do governo, num total de
R$ 46,4 milhões.
Irregularidades
A nomeação de Antônio Dirane não foi a única a ser impugnada. Houve outros casos e
períodos, como novembro de
97, quando a associação ingressou com nada menos que 170
contestações no TRT e denunciou a existência de uma "fábrica" de classistas no Estado.
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