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Defesa critica Tarso e diz que Abin é "SNI"
Advogado de Dantas afirma ter constatado grampos ilegais de conversas entre advogados, segundo ele uma "barbaridade"
Para Nélio Machado, que vê interesse político de Tarso, é reprovável ministro ter dito que será "muito difícil" para
Dantas provar sua inocência
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
O advogado Nélio Machado,
que defende Daniel Dantas,
acusou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) de estar
agindo de forma ilegal e paralela à investigação da Polícia Federal e criticou o comportamento do ministro da Justiça,
Tarso Genro, no episódio da
prisão do dono do Opportunity.
Preso duas vezes na semana
passada e beneficiado por habeas corpus concedido pelo
STF (Supremo Tribunal Federal), Dantas é acusado de chefiar uma quadrilha responsável
por diversos crimes financeiros
e fiscais a partir das empresas
do grupo Opportunity.
O advogado afirmou que
existem indícios de que agentes
da Abin interceptaram ilegalmente conversas telefônicas.
"Eu constatei interceptação da
conversa de advogados, o que é
uma barbaridade. Tem inclusive interceptação de conversa
do meu cliente com um advogado dele nos Estados Unidos."
Segundo Machado, há indícios de que a Abin tenha monitorado a comunicação entre os
advogados de Dantas, no Rio e
em Brasília. "Incluindo troca
de e-mails entre o meu escritório e o do Pedro Gordilho e Alberto Pavie. Também com o de
Luiz Carlos Madeira, em Brasília. São todos advogados da
maior seriedade. É uma audácia interferir mediante grampo,
que eu acredito que seja ilegal."
Disse ter indícios de que a ida
de Pavie ao STF, na última terça, horas após a prisão de Dantas, foi monitorada pela Abin:
"Essa investigação é muito estranha porque revela, de maneira chapada e indisfarçável, a
presença de uma entidade que
não tem nenhuma atribuição
de atuar em investigação de natureza penal, que eu chamo de
SNI [Serviço Nacional de Informações, antigo nome da Abin]."
O advogado de Dantas afirmou que Tarso teria interesses
políticos no episódio. "Vê-se
que o presidente da República
lançou, ou pelo menos prestigiou, a ministra Dilma [Rousseff]. Subitamente vê-se o ministro Tarso ocupar espaço. Ele
integra o Executivo e está agindo meio à solta. O próprio presidente deu declarações posteriores muito mais comedidas."
Machado disse que a avaliação de Tarso, em entrevista à
Folha publicada no domingo,
de que seria "muito difícil" para
Dantas provar inocência é "reprovável". "Ele está agindo como o algoz. Faz juízo de valor."
Sobre o depoimento de Hugo
Chicaroni, que disse ter recebido dinheiro para tentar subornar um delegado da PF em benefício de Dantas, Machado
afirmou tratar-se de ação "isolada". "Não há envolvimento do
meu cliente com aquela ação."
Ao criticar a atuação do juiz
da 6ª Vara Criminal de São
Paulo Fausto De Sanctis, que
ordenou as prisões de Dantas,
Machado antecipou uma das linhas que utilizará na defesa.
"Um juiz tem que se preocupar
com o julgamento técnico. Esse
caso está viciado desde o início
porque violaram o HD [disco
rígido] do banco [Opportunity]
contra uma ordem judicial do
STF. Juiz de primeira instância
não pode ir contra o Supremo."
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