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Procuradoria suspeita de conta ilegal de Pitta
Advogada do ex-prefeito afirma que ele não tem contas no exterior e que, no momento oportuno, explicará os saques
O Ministério Público Federal e o Estadual investigam se Pitta estaria repatriando valores ilegais, frutos de desvios de verba de obras
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
e o Estadual acreditam que o
dinheiro semanalmente repassado pelo investidor Naji Nahas
ao ex-prefeito paulistano Celso
Pitta (1997-2000) é proveniente de contas bancárias ilegais
no exterior que ainda não foram identificadas pelos órgãos.
Pitta e Nahas foram presos
na terça-feira passada durante
operação da PF para apurar crimes financeiros. O investidor
foi acusado de manter um sistema bancário paralelo e clandestino, do qual Pitta seria cliente
-o ex-prefeito retirava toda semana cerca de R$ 70 mil.
A origem do dinheiro, segundo promotores e procuradores,
é uma possível conta secreta do
ex-prefeito no exterior. Dos
US$ 63 milhões atribuídos a
Pitta no exterior, apenas US$ 1
milhão retornou ao Brasil e será devolvido aos cofres paulistas -e isso só foi possível porque a ex-primeira-dama Nicéa
Pitta ajudou na investigação.
Por meio dos saques semanais, Pitta estaria repatriando
esses valores por intermédio de
Nahas, que mantém contas
bancárias fora do país.
A advogada de Pitta, Ruth
Stefanelli Vallejo, afirmou ontem que o ex-prefeito não tem
contas no exterior.
O Ministério Público conseguiu, com a ajuda de governos
estrangeiros, refazer parte da
rota do dinheiro atribuído a
Pitta. Esses extratos bancários
revelam que as movimentações
de valores estão ligadas a momentos decisivos da vida política do ex-prefeito.
Início
A primeira conta foi aberta
em 1993, em Nova York, com
saldo de US$ 1,2 milhão. Foi
quando Pitta assumiu a Secretaria de Finanças do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), também
processado por contas ilegais
no exterior -ele nega ter dinheiro fora do Brasil.
Em 1997, primeiro ano de
Pitta como prefeito de São Paulo, a conta nos EUA foi fechada
e os valores enviados para um
banco em Zurique e outro em
Genebra, na Suíça.
Em julho de 1999, últimos
meses de uma tumultuada administração marcada por denúncias de corrupção, o dinheiro foi transferido para a ilha de
Guernsey, paraíso fiscal no canal da Mancha. Em 2005, encontraram uma nova conta,
agora no principado de Liechtenstein, outro paraíso fiscal.
O dinheiro enviado para o exterior, segundo o Ministério
Público, foi desviado da construção da avenida Água Espraiada, hoje Jornalista Roberto Marinho. O esquema teria
começado em 1993, primeiro
ano da gestão Maluf, e continuado na de Pitta. A obra custou US$ 600 milhões.
Celso Pitta é réu em ação penal por suposto crime de lavagem de dinheiro. Também responde a uma ação cível por má
gestão pública.
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