São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

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Procuradoria suspeita de conta ilegal de Pitta

Advogada do ex-prefeito afirma que ele não tem contas no exterior e que, no momento oportuno, explicará os saques

O Ministério Público Federal e o Estadual investigam se Pitta estaria repatriando valores ilegais, frutos de desvios de verba de obras


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal e o Estadual acreditam que o dinheiro semanalmente repassado pelo investidor Naji Nahas ao ex-prefeito paulistano Celso Pitta (1997-2000) é proveniente de contas bancárias ilegais no exterior que ainda não foram identificadas pelos órgãos.
Pitta e Nahas foram presos na terça-feira passada durante operação da PF para apurar crimes financeiros. O investidor foi acusado de manter um sistema bancário paralelo e clandestino, do qual Pitta seria cliente -o ex-prefeito retirava toda semana cerca de R$ 70 mil.
A origem do dinheiro, segundo promotores e procuradores, é uma possível conta secreta do ex-prefeito no exterior. Dos US$ 63 milhões atribuídos a Pitta no exterior, apenas US$ 1 milhão retornou ao Brasil e será devolvido aos cofres paulistas -e isso só foi possível porque a ex-primeira-dama Nicéa Pitta ajudou na investigação.
Por meio dos saques semanais, Pitta estaria repatriando esses valores por intermédio de Nahas, que mantém contas bancárias fora do país.
A advogada de Pitta, Ruth Stefanelli Vallejo, afirmou ontem que o ex-prefeito não tem contas no exterior.
O Ministério Público conseguiu, com a ajuda de governos estrangeiros, refazer parte da rota do dinheiro atribuído a Pitta. Esses extratos bancários revelam que as movimentações de valores estão ligadas a momentos decisivos da vida política do ex-prefeito.

Início
A primeira conta foi aberta em 1993, em Nova York, com saldo de US$ 1,2 milhão. Foi quando Pitta assumiu a Secretaria de Finanças do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), também processado por contas ilegais no exterior -ele nega ter dinheiro fora do Brasil.
Em 1997, primeiro ano de Pitta como prefeito de São Paulo, a conta nos EUA foi fechada e os valores enviados para um banco em Zurique e outro em Genebra, na Suíça.
Em julho de 1999, últimos meses de uma tumultuada administração marcada por denúncias de corrupção, o dinheiro foi transferido para a ilha de Guernsey, paraíso fiscal no canal da Mancha. Em 2005, encontraram uma nova conta, agora no principado de Liechtenstein, outro paraíso fiscal.
O dinheiro enviado para o exterior, segundo o Ministério Público, foi desviado da construção da avenida Água Espraiada, hoje Jornalista Roberto Marinho. O esquema teria começado em 1993, primeiro ano da gestão Maluf, e continuado na de Pitta. A obra custou US$ 600 milhões.
Celso Pitta é réu em ação penal por suposto crime de lavagem de dinheiro. Também responde a uma ação cível por má gestão pública.


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