São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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Ao lado de Collor, Lula critica "compadrio" de antecessores

Segundo o presidente, o seu governo não distingue partidos ao fazer investimentos

Durante inauguração de obra do PAC em Alagoas, Lula elogiou "sustentação" do senador aos trabalhos do governo federal no Senado


MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PALMEIRA DOS ÍNDIOS (AL)

Em discurso em Alagoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a "política de compadrio" praticada por governos anteriores ao seu e elogiou o apoio que recebe do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que o acompanhava no palanque.
Segundo o presidente, o seu governo não distingue partidos políticos ao realizar investimentos. "Até outro dia, um presidente da República que pertencesse a um partido político não visitaria um governador que pertencesse a outro partido", disse. "Em vez de governar, fazia-se a política do compadrio, a política dos amigos", completou ele.
Durante inauguração de uma adutora em Palmeira dos Índios (134 km de Maceió), Lula elogiou Collor e Juscelino Kubitschek ao dizer que não era habitual que presidentes percorressem o país para "sentir o drama do povo" como eles.
Lula e Collor foram adversários nas eleições presidenciais de 1989. Collor derrotou Lula no segundo turno após exibir em sua campanha eleitoral depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando o petista de tê-la pressionado para abortar a filha dos dois.
Collor sofreu um processo de impeachment em 1992, renunciou, mas não conseguiu evitar que o Senado o condenasse à inelegibilidade por oito anos.
"Eu quero fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan [Calheiros, que não estava presente ao evento], que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado", disse Lula ontem.
O presidente voltou a dizer que vai ajudar a eleger sua sucessora à Presidência nas eleições do ano que vem. Dilma foi escolhida por Lula como pré-candidata do PT nas eleições.
"Está chegando o ano eleitoral e eu não posso falar de eleição. Mas eu só vou dizer uma coisa para vocês. Podem escrever. Eu vou fazer, eu vou ajudar a eleger a minha sucessora neste país", disse Lula, acompanhado de Dilma no palanque.
Atento à legislação eleitoral, que proíbe campanha antecipada, Lula completou a frase: "Ou sucessor".
No início do mês, o PSDB entrou com duas representações no Tribunal Superior Eleitoral contra o PT, Lula e Dilma por suposta prática de campanha eleitoral antecipada.
O presidente estava acompanhado dos ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Luiz Barretto (Turismo) e do governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB).
Em seu discurso, Lula rebateu mais uma vez críticas feitas ao Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo federal. "Certamente, para alguém que pode tomar uísque, champanhe e dar de gorjeta R$ 100, o Bolsa Família é muito baixo."
Lula inaugurou um sistema de abastecimento de água, obra do PAC, que custou R$ 67 milhões e vai beneficiar 120 mil pessoas em quatro municípios.
A adutora recebeu o nome do deputado Helenildo Ribeiro (morto em 2006), um dos 90 congressistas inicialmente acusados de integrar a chamada máfia dos sanguessugas.


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