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SENADOR SOB PRESSÃO
Promessa foi feita a senadores que investigam Jader
BC enviará relatórios sobre Banpará em 48h, diz Fraga
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, disse que vai encaminhar ao Senado em no máximo 48 horas todos os relatórios
sobre os desvios de recursos do
Banpará (Banco do Estado do Pará) ocorridos durante a primeira
gestão do senador Jader Barbalho
(PMDB-PA) como governador.
A promessa de Fraga foi feita
aos senadores Romeu Tuma
(PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM), integrantes da comissão que
investiga acusações contra Jader.
Os dois decidiram convidar o presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Francisco Gros,
para depor. Eles esperam que
Gros possa vir amanhã.
Na segunda-feira, o ministro do
STF (Supremo Tribunal Federal)
Carlos Velloso determinou a
abertura de inquérito para apurar
os desvios do Banpará.
Velloso também ampliou a quebra de sigilo de Jader para que a
Polícia Federal tenha acesso à movimentação financeira do senador no período entre janeiro de
1984 e junho de 1990.
Os senadores querem explicações de Gros sobre parecer jurídico elaborado em 1992 pelo procurador do Banco Central, José Coelho Ferreira, que inocentava Jader
das irregularidades do Banpará.
Gros, então presidente do BC, assinou o parecer.
""Ele pode ter boas explicações",
disse Péres. ""Pode ter havido boa
vontade [em inocentar Jader"",
afirmou Tuma.
O próprio Coelho será interpelado hoje sobre o parecer de 92,
no qual disse que a fiscalização do
Banco Central não podia apontar
os beneficiários dos desvios do
Banpará, citando Jader nominalmente. Os senadores estranham
que o Ministério Público tenha
concluído que há indícios veementes contra Jader, após examinar o relatório assinado pelo auditor do BC Abrahão Patruni.
Coelho será questionado sobre
essas divergências, mas estará no
Senado por outra razão: ele foi indicado pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso para ocupar
uma vaga de ministro do STM
(Superior Tribunal Militar) e será
sabatinado pela CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça).
A comissão começa a analisar
hoje as declarações de renda (pessoa física) do presidente licenciado do Senado dos últimos sete
anos, que serão cedidas pela advocacia da Casa.
O objetivo da comissão é analisar a variação patrimonial para
verificar se Jader declarou a compra da Agropecuária Campo
Maior -à qual pertence a fazenda Chão Preto-, do empresário
José Osmar Borges, considerado
o maior fraudador da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
O que a comissão apura é se Jader mentiu ao plenário em discurso feito no dia 16 de abril deste
ano, quando afirmou ter declarado a operação.
O problema é que Jader afirmou
que o registro foi feito em declaração de pessoa jurídica, da sua Fazenda Rio Branco. Como não terá
acesso às declarações de renda
das empresas de Jader, a investigação poderá ser inócua.
Péres e Tuma aproveitaram a
ida de Fraga ao Senado para depor sobre o acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
para cobrar pressa no encaminhamento dos relatórios sobre o
Banpará, que serão analisados
por inspetores do Banco Central
que estão à disposição de duas
CPIs do Senado (a do roubo de
cargas e a do futebol).
Os relatórios foram pedidos em
requerimento do senador José
Eduardo Dutra (PT-SE), líder da
oposição no Senado, aprovado
pela CCJ e pelo plenário.
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