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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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DISCURSO OFICIAL

Presidente afirma que "pior já passou" e adverte sem-terra e fazendeiros de que não permitirá confrontos

Não há mágica na economia, diz Lula na TV

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, disse que não há "mágicas" para o crescimento econômico, mas que "o pior já passou". Advertiu ainda sem-terra e produtores rurais de que não vai permitir confrontos e de que cumprirá a lei na questão agrária.
No discurso de 11 minutos, veiculado ontem à noite, Lula elogiou o agronegócio brasileiro, destacou a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara e fez um balanço dos sete meses de seu governo. Citou os programas Fome Zero e Primeiro Emprego, a retomada de três obras rodoviárias e das viagens internacionais, o controle da inflação e a recuperação da imagem do país: "Isso, e muito mais coisas, em apenas sete meses. E ainda tem gente reclamando".
Lula, que está visitando o Paraguai, gravou o discurso anteontem pela manhã no Palácio do Planalto. Apesar de comemorar a aprovação da reforma previdenciária em primeiro turno, isso não tinha ocorrido até a noite daquele dia: os últimos destaques só foram votados por volta das 23h.
O texto foi lido enquanto um locutor listava os cinco tópicos: reforma da Previdência, reforma agrária, agronegócio e agricultura familiar, crescimento econômico e sete meses de governo.
Produzido pelo marqueteiro Duda Mendonça, o pronunciamento faz parte da estratégia do presidente de falar diretamente à população. Em seu primeiro pronunciamento à nação, em 7 de abril, Lula havia feito um balanço dos cem dias de governo.
Iniciando o discurso com "meus amigos e minhas amigas", o presidente abordou diretamente os conflitos agrários. Disse que seu governo está mobilizado para realizar uma reforma agrária "organizada, justa e pacífica" e aproveitou para acalmar os que temem o aumento da violência.
"A lei será cumprida ao pé da letra. Chamo a atenção dos sem-terra e também de proprietários rurais. O governo tem seu tempo e seu prazo, e a radicalização, neste momento, não traz nenhum benefício a ninguém. Afinal, todos sabem que somos um governo comprometido com as mudanças e justiça social."
Voltou a pedir paciência. "Fui eleito para mudar o Brasil, mas não para mudar de qualquer jeito. Fui eleito para mudar para melhor e, sobretudo, para mudar em paz. E é isso que vou fazer."
Ao tratar da questão econômica, afirmou que não havia outra forma a não ser o caminho adotado, com o controle da inflação, e que os juros começaram a baixar.
"Não vou enganar vocês: não existe mágica. Ou começamos a entender que para fazer as coisas direito, e bem feitas, é preciso um pouco mais de tempo, ou o Brasil vai viver eternamente de improviso em improviso, de sobressalto em sobressalto. Planos econômicos mágicos não funcionam."
Para Lula, "o passado já nos mostrou de forma muito clara e muito dura. Durante um tempo parece que tudo foi resolvido. Mas logo depois, tudo volta a desabar. E a classe média e o povo pobre, sempre, são as maiores vítimas dessas aventuras". E completou: "O pior já passou, meus amigos, posso garantir isso a vocês. Estamos no caminho certo. E tenham certeza, as boas notícias já estão começando a chegar".
Sobre a reforma da Previdência, Lula afirmou: "Nunca governo algum conseguiu aprovar na Câmara, em apenas três meses e meio, uma reforma tão importante".


Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal de Brasília


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