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DISCURSO OFICIAL
Presidente afirma que "pior já passou" e adverte sem-terra e fazendeiros de que não permitirá confrontos
Não há mágica na economia, diz Lula na TV
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em seu segundo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, disse que não há
"mágicas" para o crescimento
econômico, mas que "o pior já
passou". Advertiu ainda sem-terra e produtores rurais de que não
vai permitir confrontos e de que
cumprirá a lei na questão agrária.
No discurso de 11 minutos, veiculado ontem à noite, Lula elogiou o agronegócio brasileiro,
destacou a aprovação da reforma
da Previdência em primeiro turno
na Câmara e fez um balanço dos
sete meses de seu governo. Citou
os programas Fome Zero e Primeiro Emprego, a retomada de
três obras rodoviárias e das viagens internacionais, o controle da
inflação e a recuperação da imagem do país: "Isso, e muito mais
coisas, em apenas sete meses. E
ainda tem gente reclamando".
Lula, que está visitando o Paraguai, gravou o discurso anteontem pela manhã no Palácio do
Planalto. Apesar de comemorar a
aprovação da reforma previdenciária em primeiro turno, isso não
tinha ocorrido até a noite daquele
dia: os últimos destaques só foram votados por volta das 23h.
O texto foi lido enquanto um locutor listava os cinco tópicos: reforma da Previdência, reforma
agrária, agronegócio e agricultura
familiar, crescimento econômico
e sete meses de governo.
Produzido pelo marqueteiro
Duda Mendonça, o pronunciamento faz parte da estratégia do
presidente de falar diretamente à
população. Em seu primeiro pronunciamento à nação, em 7 de
abril, Lula havia feito um balanço
dos cem dias de governo.
Iniciando o discurso com
"meus amigos e minhas amigas",
o presidente abordou diretamente os conflitos agrários. Disse que
seu governo está mobilizado para
realizar uma reforma agrária "organizada, justa e pacífica" e aproveitou para acalmar os que temem o aumento da violência.
"A lei será cumprida ao pé da letra. Chamo a atenção dos sem-terra e também de proprietários
rurais. O governo tem seu tempo
e seu prazo, e a radicalização, neste momento, não traz nenhum
benefício a ninguém. Afinal, todos sabem que somos um governo comprometido com as mudanças e justiça social."
Voltou a pedir paciência. "Fui
eleito para mudar o Brasil, mas
não para mudar de qualquer jeito.
Fui eleito para mudar para melhor e, sobretudo, para mudar em
paz. E é isso que vou fazer."
Ao tratar da questão econômica, afirmou que não havia outra
forma a não ser o caminho adotado, com o controle da inflação, e
que os juros começaram a baixar.
"Não vou enganar vocês: não
existe mágica. Ou começamos a
entender que para fazer as coisas
direito, e bem feitas, é preciso um
pouco mais de tempo, ou o Brasil
vai viver eternamente de improviso em improviso, de sobressalto
em sobressalto. Planos econômicos mágicos não funcionam."
Para Lula, "o passado já nos
mostrou de forma muito clara e
muito dura. Durante um tempo
parece que tudo foi resolvido.
Mas logo depois, tudo volta a desabar. E a classe média e o povo
pobre, sempre, são as maiores vítimas dessas aventuras". E completou: "O pior já passou, meus
amigos, posso garantir isso a vocês. Estamos no caminho certo. E
tenham certeza, as boas notícias já
estão começando a chegar".
Sobre a reforma da Previdência,
Lula afirmou: "Nunca governo algum conseguiu aprovar na Câmara, em apenas três meses e meio,
uma reforma tão importante".
Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal
de Brasília
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