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CONFLITO AGRÁRIO
Presidente do STF faz crítica indireta ao Planalto, que teria de agir para evitar situação de descontrole
Corrêa vê "leniência" do governo com MST
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um crítica indireta ao governo federal, o presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, afirmou
ontem que está havendo "leniência" (suavidade, mansidão) na
contenção de excessos por parte
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Parece-me que essa leniência
que está havendo deve deixar de
existir", afirmou. Indagado sobre
quem seriam os agentes da leniência, Corrêa respondeu: "Leniência de quem permite que isso
[a violência no campo] ocorra".
Ele deu essas declarações ao comentar o resultado do julgamento de ontem, do próprio STF, que
anulou o decreto do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que permitiria a desapropriação da terra
que é alvo de conflito rural na região de São Gabriel (RS).
Antes, o ministro tinha feito um
apelo ao governo Lula para que
aja de forma mais rígida para garantir tranquilidade no campo,
durante discurso em cerimônia
de lançamento de cartilha didática sobre o novo Código Civil, em
que recebeu homenagem da Academia Paulista de Magistrados.
"Impõe-se que o Poder competente contenha o mais rápido possível aquilo que poderá se tornar
algo incontrolável. Por isso esperamos sinceramente das autoridades do Executivo que haja essa
garantia de tranquilidade."
"Decisão afirmativa"
Em seguida, na entrevista, ele
explicou: "Deve haver uma decisão mais positiva, mais afirmativa
para que haja paz e tranquilidade,
não só aos que precisam da terra
para reforma agrária, mas também aos que têm a sua propriedade, mas que só podem tê-la desapropriada com respeito ao devido
processo legal".
Corrêa disse temer o crescimento da violência no campo. "Essas
coisas estão gradativamente aumentando e isso pode chegar a
um certo descontrole."
Ele foi um dos oito ministros
que votaram pela anulação do decreto de desapropriação das fazendas em São Gabriel.
Os ministros do Supremo entenderam que o governo agiu de
forma irregular ao fazer a vistoria
em data diferente da indicada na
notificação aos proprietários das
fazendas.
Durante o recesso forense de julho, o ministro recebeu representantes dos sem-terra e dos ruralistas em seu gabinete.
Após o encontro com os representantes do MST, ele cobrou pela
primeira vez a atuação rigorosa
do governo Lula. No dia seguinte,
depois da audiência com ruralistas, criticou as milícias, dizendo
que elas são ilegais.
(SILVANA DE FREITAS)
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