|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAIXA DOIS
Offshore de Duda recebeu de firma atribuída a Maluf
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A offshore Agata, que intermediou pelo menos US$ 1,5 milhão
em transações financeiras atribuídas ao publicitário Duda Mendonça e à sua sócia Zilmar Silveira, recebeu uma remessa, também de US$ 1,5 milhão, de uma
empresa ligada ao ex-prefeito
Paulo Maluf. A Agata, com sede
nas Ilhas Virgens Britânicas
-um paraíso fiscal- e controlada por doleiros de São Paulo, recebeu uma remessa de US$ 1,5
milhão no dia 1º de julho de 1997
da offshore Durant International.
Para o Ministério Público do Estado de São Paulo, conforme documentos fornecidos pela Justiça
suíça, a Durant, com sede em
Londres, é uma offshore -empresa cujos nomes dos sócios são
mantidos sob sigilo- controlada
por Maluf e seus familiares.
O registro da operação consta
da base de dados do MTB Bank,
dos EUA, que integra os arquivos
da CPI do Banestado.
Por meio de sua assessoria, Maluf negou ter feito transferências
no exterior ao publicitário. Duda
não foi encontrado ontem.
Ontem a Folha revelou que a
Polícia Federal investiga a existência de outras contas no exterior de Duda, além da admitida
por ele na CPI dos Correios -a
Dusseldorf Company Ltda.
Na base de dados do MTB constam 21 operações financeiras atribuídas a Duda e a Zilmar, entre
1998 e 2002, num total de US$ 1,5
milhão. As movimentações são
intermediadas pela Agata.
A Duda, são atribuídas sete operações. Em todas elas, o dinheiro
sai de uma conta no BankBoston
nos EUA rumo à Agata. Total movimentado: US$ 546.285.
Zilmar, em 14 operações financeiras, girou US$ 943,41 mil. Suas
movimentações não têm um perfil. O dinheiro entra e sai de uma
conta no BankBoston nos EUA,
sempre passando pela Agata.
Realizada em 1º de julho de
1997, a remessa de US$ 1,5 milhão
da Durant para a Agata não tem
coincidência de data com as operações atribuídas a Duda ou Zilmar. Em 1997, o banco de dados
associa a Zilmar uma única operação, de US$ 150 mil.
STF
O detalhamento das operações
financeiras atribuídas a Duda e a
Zilmar consta de relatório enviado pela Polícia Federal, na última
quinta-feira, ao Supremo Tribunal Federal, no qual tramita inquérito que investiga o suposto
"mensalão" e o caixa dois distribuído a petistas e aliados.
Ao relatarem a existência de
operações financeiras que não foram mencionadas por Duda na
CPI, os policiais pedem ao ministro relator Joaquim Barbosa que
autorize a quebra do sigilo bancário das movimentações.
A suspeita dos policiais federais
é que, ao contrário do que diz Duda Mendonça, a prática de receber pagamento por seus serviços
tendo como fonte caixa dois não
se resumiu às operações da Dusseldorf -na qual teriam sido depositados pelo menos R$ 10 milhões para pagamento de campanhas petistas.
Texto Anterior: Fundos e pensão: Daniel Dantas usa Dirceu e PFL para atuar na CPI Próximo Texto: Articulação política: Crise promove união de oposições Índice
|