São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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CAIXA DOIS

Offshore de Duda recebeu de firma atribuída a Maluf

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A offshore Agata, que intermediou pelo menos US$ 1,5 milhão em transações financeiras atribuídas ao publicitário Duda Mendonça e à sua sócia Zilmar Silveira, recebeu uma remessa, também de US$ 1,5 milhão, de uma empresa ligada ao ex-prefeito Paulo Maluf. A Agata, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas -um paraíso fiscal- e controlada por doleiros de São Paulo, recebeu uma remessa de US$ 1,5 milhão no dia 1º de julho de 1997 da offshore Durant International.
Para o Ministério Público do Estado de São Paulo, conforme documentos fornecidos pela Justiça suíça, a Durant, com sede em Londres, é uma offshore -empresa cujos nomes dos sócios são mantidos sob sigilo- controlada por Maluf e seus familiares.
O registro da operação consta da base de dados do MTB Bank, dos EUA, que integra os arquivos da CPI do Banestado.
Por meio de sua assessoria, Maluf negou ter feito transferências no exterior ao publicitário. Duda não foi encontrado ontem.
Ontem a Folha revelou que a Polícia Federal investiga a existência de outras contas no exterior de Duda, além da admitida por ele na CPI dos Correios -a Dusseldorf Company Ltda.
Na base de dados do MTB constam 21 operações financeiras atribuídas a Duda e a Zilmar, entre 1998 e 2002, num total de US$ 1,5 milhão. As movimentações são intermediadas pela Agata.
A Duda, são atribuídas sete operações. Em todas elas, o dinheiro sai de uma conta no BankBoston nos EUA rumo à Agata. Total movimentado: US$ 546.285.
Zilmar, em 14 operações financeiras, girou US$ 943,41 mil. Suas movimentações não têm um perfil. O dinheiro entra e sai de uma conta no BankBoston nos EUA, sempre passando pela Agata.
Realizada em 1º de julho de 1997, a remessa de US$ 1,5 milhão da Durant para a Agata não tem coincidência de data com as operações atribuídas a Duda ou Zilmar. Em 1997, o banco de dados associa a Zilmar uma única operação, de US$ 150 mil.

STF
O detalhamento das operações financeiras atribuídas a Duda e a Zilmar consta de relatório enviado pela Polícia Federal, na última quinta-feira, ao Supremo Tribunal Federal, no qual tramita inquérito que investiga o suposto "mensalão" e o caixa dois distribuído a petistas e aliados.
Ao relatarem a existência de operações financeiras que não foram mencionadas por Duda na CPI, os policiais pedem ao ministro relator Joaquim Barbosa que autorize a quebra do sigilo bancário das movimentações.
A suspeita dos policiais federais é que, ao contrário do que diz Duda Mendonça, a prática de receber pagamento por seus serviços tendo como fonte caixa dois não se resumiu às operações da Dusseldorf -na qual teriam sido depositados pelo menos R$ 10 milhões para pagamento de campanhas petistas.

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