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Sem avisar, Serra participa de culto e reluta antes de ajoelhar
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem fazer alarde, José Serra
foi ontem a um culto da igreja
evangélica Comunidade Paz e
Vida, no bairro de Santana, na
zona norte de São Paulo. O
evento não fazia parte da agenda oficial da campanha do tucano ao governo paulista.
Serra chegou ao culto por
volta de 21h30 e entrou discretamente pelo estacionamento
da igreja. Às 21h40, apareceu
por uma porta ao lado do altar,
sentou-se e logo foi convidado a
subir ao púlpito pelo pastor e
fundador da igreja, Juanribe
Pagliarin -que chamou o tucano de governador e o apresentou aos cerca de 2.000 fiéis.
"Eu sei que o senhor não precisa dos votos da Paz e Vida,
mas essa igreja é pé quente. A
Marta [Suplicy] veio aqui em
2000 e ganhou [a disputa pela
prefeitura]. O Alckmin veio em
2002 e ganhou [o governo paulista]. Em 2004, a Marta não
veio, e perdeu [a prefeitura] para o senhor", disse o pastor.
Serra retribuiu a gentileza -
disse que São Paulo necessita
de mais "paz e mais vida" e que
só se sente feliz quando "trabalha pelo próximo"- e afirmou
que precisa, sim, dos votos. "A
eleição não está decidida."
Findo o discurso, o pastor
conclamou a igreja a rezar por
Serra, mas não sem antes reivindicar que o tucano, se eleito,
"olhasse" pelas igrejas, que estariam sendo perseguidas. À
Folha, Pagliarin disse que a
"perseguição" a qual se referia
chama-se Lei do Psiu, que impõe limites sonoros a eventos e
estabelecimentos da cidade.
Após o pedido, o pastor conclamou a assembléia a orar por
Serra, disse que ia se ajoelhar e
pediu ao tucano para fazer o
mesmo, "para receber a bênção". Serra relutou em ajoelhar.
O pastor o chamou com a mão,
ensaiou um abraço, olhou para
o tucano e conseguiu: Serra cedeu, se ajoelhou e arrancou
aplausos entusiasmados da Comunidade Paz e Vida.
Na saída, o candidato tucano
não falou com a reportagem
nem com os fiéis presentes, que
se perguntavam: "Cadê o abençoado?".
(LB)
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