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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Para analistas, só TV não muda
Segundo marqueteiros, horário eleitoral, que começa hoje, não altera sozinho o cenário da eleição presidencial
Notícias influem mais do
que propaganda, dizem
especialistas, que destacam
a importância das inserções
para surpreender o eleitor
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
Embora o candidato do
PSDB Geraldo Alckmin aposte
suas fichas no horário eleitoral,
marqueteiros ouvidos pela Folha vêem pouca chance de alteração no cenário a partir de hoje, quando começa a propaganda na TV e no rádio.
A ressalva que fazem é unânime: somente um fato muito relevante contra o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
líder nas pesquisas, será capaz
de reverter o quadro atual.
As previsões se assemelham
ao que aconteceu em 1998,
quando um também candidato
à reeleição -Fernando Henrique Cardoso (PSDB)- começou a campanha na TV à frente
dos demais, posição da qual não
saiu até o fim da disputa.
Já para a candidata do PSOL,
Heloísa Helena, que estava em
terceiro no último Datafolha,
com 12%, o ideal seria que ocorresse o mesmo de 2002.
Antes do horário eleitoral daquele ano, Ciro Gomes (PPS)
estava dez pontos atrás de Lula,
com 27%, segundo o Datafolha.
José Serra (PSDB) vinha em
terceiro, com 13%. Em 30 de
agosto, dez dias depois do início
da propaganda na TV, Serra já
havia subido à segunda posição,
tecnicamente empatado com
Ciro: 19% contra 20%.
"Desde 2002, principalmente, grandes mudanças de voto
não aconteceram por causa de
programas eleitorais, mas sim
por causa de notícias", afirma
Einhart Jacome da Paz, marqueteiro de Ciro em 2002.
Nos primeiros dias de horário eleitoral, a campanha de
Serra mirou em Ciro. Reproduziu uma entrevista na qual o
então candidato do PPS chamou um ouvinte de "burro".
Dias depois uma declaração
de Ciro pareceu enterrar de vez
as suas chances. No dia 31 de
agosto, ele disse que o papel na
campanha de sua mulher, Patrícia Pillar, estava no fato de
"dormir" com ele. Em 9 de setembro, Serra já tinha ultrapassado Ciro, 21% contra 15%.
"O cenário só muda muito se
acontecer de o Lula cometer
uma seqüência de gafes muito
grande ou ofender o eleitor de
alguma maneira", disse o publicitário Paulo de Tarso da Cunha Santos, que fez as campanhas de Lula em 1989 e 1994.
Para os marqueteiros, o que é
realmente importante são as
inserções, pequenas peças publicitárias que as TVs distribuem ao longo da programação. Elas são curtas, de até 60
segundos, e têm a vantagem de
pegar o eleitor de surpresa.
"As inserções são mais importantes até", diz Fernando
Barros, marqueteiro das campanhas presidenciais de FHC.
Com 65 inserções a mais do
que Lula até 28 de setembro,
Alckmin pode se beneficiar de
outra característica das inserções, que é a de poder fazer ataques aos adversários sem quase
ser identificado.
É comum os ataques virem
acompanhados apenas de uma
minúscula série de siglas. "Inserções são muito importantes.
Dá para atacar sem ficar com o
ônus", diz Jacome da Paz.
Com ataques ou só "paz e
amor", o horário político, segundo Paulo de Tarso, vai trazer o eleitor para a campanha.
"Sem outdoor e faixas, as
pessoas estão distantes da campanha. A eleição ainda não entrou na vida das pessoas", afirma o marqueteiro.
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