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SUCESSÃO
Para o presidente-candidato, bancos não seguem política do governo
FHC critica banqueiros por juros de empréstimo pessoal
EMANUEL NERI
enviado especial a São Luís
Preocupado com possíveis prejuízos eleitorais em sua campanha
de reeleição por causa dos juros altos, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou ontem duramente os banqueiros por
não seguirem a política do governo de redução dos juros.
"Será que não tem gente ganhando com a especulação financeira e com a intermediação bancária?", perguntou FHC em São
Luís. "É bom que comecem a perguntar aos banqueiros para eles
explicarem por que não baixam
também as taxas de empréstimos
pessoais", declarou.
FHC foi a São Luís apenas para
acompanhar a governadora local,
Roseana Sarney (PFL), que ficou
60 dias afastada por motivos de
saúde. A viagem teve caráter eleitoral -a assessoria do candidato
diz que a campanha pagará as despesas da viagem, inclusive o frete
do Boeing presidencial.
O presidente falou sobre os juros
ao comentar a situação do país
diante da crise financeira internacional. Ele afastou a possibilidade
de uma nova elevação dos juros. A
tendência, disse, é continuar a política de redução das taxas.
"Mas o mais importante é que
os bancos têm que baixar também
suas taxas", afirmou. Para FHC, a
redução dos juros de crediários e
de empréstimos pessoais não é
uma tarefa do governo.
O governo, segundo FHC, não
pode "interferir diretamente"
nos bancos para que os juros sejam reduzidos. "É preciso que haja também uma pressão da área
privada para que (os bancos) modifiquem suas práticas de cálculo
de riscos e comecem a baixar as
taxas de juros", afirmou.
A Febraban, federação dos bancos, não quis comentar as declarações de FHC.
Quanto aos efeitos da situação financeira internacional no país,
FHC disse que "alguns apressados ficam até torcendo" para que
a crise também atinja a moeda
brasileira. Não disse quem são.
Para FHC, a crise internacional
não terá o mesmo efeito "delicado" que teve em outubro passado
sobre a economia do país, porque
o sistema financeiro brasileiro foi
"saneado graças ao Proer".
Proer é o plano em que o governo aplicou mais de R$ 20 bilhões
para salvar bancos quebrados. Segundo FHC, o Proer teve a "coragem de tomar bancos de antigos
proprietários e também de tomar
bens desses proprietários".
Um outro "ponto positivo" que
FHC apontou para que não se repita a crise de outubro passado são
as reservas em moedas estrangeiras, superiores a R$ 70 bilhões.
A assessoria de FHC tentou evitar que a passagem de FHC por
São Luís fosse marcada pelo uso
da máquina pública.
Segundo os assessores, a campanha pagou R$ 2.500 à Infraero para utilizar um antigo aeroporto da
cidade para realizar um comício.
Mas a Folha presenciou a chegada de carros oficiais trazendo autoridades para o comício.
O prefeito de Poção de Pedras,
João Batista Santos (PSD), chegou
ao local no carro da prefeitura que
administra. "Não sabia que era
proibido. Não devia ser, né?"
Centenas de estudantes foram liberados ontem das escolas de São
Luís para receber a governadora.
Acompanhados das professoras,
eles apareceram no aeroporto vestidos com camisas da governadora-candidata. A assessoria da governadora disse não saber se os estudantes foram liberados para
participar do comício.
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