São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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SER OU NÃO SER?

Após reunião com presidente, Bornhausen pede saída de senador

Lula atrai ACM para o poder, e PFL o ameaça com expulsão

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na manhã seguinte ao jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seis senadores do PFL, o partido iniciou sob grande confusão ontem um processo de expulsão de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que articulou o encontro. A aproximação formal do grupo com o governo aprofundou o racha entre ACM e o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), defensor de uma oposição sistemática ao Palácio do Planalto.
Após as eleições municipais, Bornhausen pretende intervir nos diretórios do partido na Bahia, no Maranhão e no Tocantins, controlados pelos senadores que se encontraram anteontem com o presidente Lula e os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política).
Pelo pedido de expulsão de ACM, feito pelo deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), o senador baiano infringiu o estatuto partidário, por "desobediência às deliberações regularmente tomadas em questões de interesse partidário, atentado contra a normalidade das eleições, infidelidade partidária e desacato às autoridades partidárias".
Além de ACM, os senadores pefelistas que compareceram ao jantar foram César Borges (BA), Roseana Sarney (MA), Edison Lobão (MA), João Ribeiro (TO) e Rodolpho Tourinho (BA).
Excetuados os momentos em que o PFL fecha questão em torno de um assunto, esse grupo tradicionalmente vota com o governo. O encontro, no entanto, em momento pré-eleitoral, tira o discurso dos candidatos do partido, centrado nos ataques ao governo petista. A justificativa para somente ACM ser punido é ele ter sido o articulador do encontro.
Apesar de atacar a tentativa do governo de retirar senadores do PFL, levando-os para a base aliada, Bornhausen iniciou a entrevista coletiva que convocou ontem sem falar em punições.
"O jantar de ontem [anteontem] retrata a lastimável realidade da política brasileira. De um lado, o comandante Dirceu com seus comandados, o presidente Lula e o ministro Aldo praticando ato explícito de cooptação partidária. Do outro, ACM oferecendo adesão", disse, acompanhado do líder do partido na Casa, José Agripino (RN), e Marco Maciel (PE).
Questionado se haveria sanções, o presidente do PFL foi ambíguo. "O partido tem seu estatuto, quando há falta grave há penalidades. Eu não vou propor punição. Quando acabar a eleição, vamos analisar a situação no Maranhão, na Bahia e no Tocantins."
Nesse momento, Lorenzoni irrompeu na sala, de forma teatral, aos berros, com o pedido de expulsão nas mãos, que foi imediatamente aceito pelo presidente do partido. Na seqüência, foi nomeado o relator do processo, o deputado Eduardo Sciarra (PR).
O relator pretende notificar hoje ACM, que terá oito dias para apresentar sua defesa. Seu parecer deve ser apresentado à Executiva Nacional no próximo dia 7, quando será votado. Para ser aprovado, o relatório precisa da maioria simples dos 31 membros.
O grupo dos senadores Bornhausen e Marco Maciel diz ter maioria na executiva para aprovar o processo de expulsão, caso o relator dê um parecer favorável nesse sentido.
O senador César Borges, aliado de ACM, pediu ontem que o senador Demóstenes Torres (GO), do grupo de Bornhausen, tente reverter o processo. Torres conversou no plenário com o presidente do partido e com Roseana Sarney.


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