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Empresário reza e advogado pede doações para ele
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Choro, oração, gritos de um
fã, cenas de autopromoção e
até um inusitado pedido de dinheiro. Houve disso tudo na
entrevista convocada por Sebastião Buani para apresentar a
cópia do cheque que teria sido
usado no pagamento de propina ao deputado Severino Cavalcanti. A entrevista começou
com o pedido de doações urgentes ao empresário.
As doações seriam a única
forma de evitar a perda da licença do restaurante do anexo
quatro da Câmara. O contrato
venceu ontem e Buani só poderá se habilitar à prorrogação da
licença se pagar uma conta de
R$ 131 mil em aluguéis atrasados. Foi para manter a licença e
garantir um reajuste de preços
da comida que o dono da rede
Fiorella teria pago propina a
Severino Cavalcanti.
Aos 54 anos, integrante de
uma família que explora restaurantes em órgãos públicos,
o dono da Buani e Paulucci,
que controla quatro restaurantes e sete lanchonetes em Brasília e alega que vive em dificuldades financeiras.
O pedido de dinheiro foi lançado pelo advogado de Buani,
Sebastião Coelho da Silva, que
até aqui defendeu o empresário
de graça. "Nós queremos fazer
um apelo ao empresariado brasileiro para que contribua hoje
com o sr. Buani, para que ele
pague essa conta de uma forma
honrada", disse o advogado.
"Falido e quebrado não estou
nem ficarei. Devo sim, mas minha dívida financeira que aí está é prova de que a verdade não
tem preço", endossou Buani,
emendando um discurso misto
de oração e auto-elogio. Durante a entrevista, levantou-se e
disse que iria fazer uma oração.
"Obrigado, meu Deus. Obrigado pela força, pelos meus filhos, pela família maravilhosa
que eu tenho. Obrigado pela
força deste homem [ele mesmo], que é um guerreiro, que
trabalha 16, 17, 20 horas por
dia, feliz e alegre. Que esse país
possa realmente caminhar para o lado dos países sérios, para
o lado mais forte, que esse povo
merece", disse.
Levado a confirmar o pagamento de propina a Severino
Cavalcanti depois do depoimento do ex-gerente do restaurante Izeilton Carvalho à Polícia Federal, Sebastião Buani
vem faturando com a inesperada fama, que teria lhe rendido
até convites para candidatar-se
a deputado federal.
A entrevista, que começara
de maneira inusitada, terminaria da mesma forma, meia hora
depois. Antes de deixar o auditório da sede da Polícia Federal,
Buani reivindicou que não tomassem por musa do "mensalinho" Diana, sua segunda mulher, uma morena de 31 anos
que sempre o acompanha nas
aparições públicas. "A musa do
"mensalinho" não é a minha
mulher nem a minha filha, é a
Gabriela [Kênia Martins, a secretária cujo nome aparece no
cheque divulgado ontem]."
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