São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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Empresário reza e advogado pede doações para ele

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Choro, oração, gritos de um fã, cenas de autopromoção e até um inusitado pedido de dinheiro. Houve disso tudo na entrevista convocada por Sebastião Buani para apresentar a cópia do cheque que teria sido usado no pagamento de propina ao deputado Severino Cavalcanti. A entrevista começou com o pedido de doações urgentes ao empresário.
As doações seriam a única forma de evitar a perda da licença do restaurante do anexo quatro da Câmara. O contrato venceu ontem e Buani só poderá se habilitar à prorrogação da licença se pagar uma conta de R$ 131 mil em aluguéis atrasados. Foi para manter a licença e garantir um reajuste de preços da comida que o dono da rede Fiorella teria pago propina a Severino Cavalcanti.
Aos 54 anos, integrante de uma família que explora restaurantes em órgãos públicos, o dono da Buani e Paulucci, que controla quatro restaurantes e sete lanchonetes em Brasília e alega que vive em dificuldades financeiras.
O pedido de dinheiro foi lançado pelo advogado de Buani, Sebastião Coelho da Silva, que até aqui defendeu o empresário de graça. "Nós queremos fazer um apelo ao empresariado brasileiro para que contribua hoje com o sr. Buani, para que ele pague essa conta de uma forma honrada", disse o advogado.
"Falido e quebrado não estou nem ficarei. Devo sim, mas minha dívida financeira que aí está é prova de que a verdade não tem preço", endossou Buani, emendando um discurso misto de oração e auto-elogio. Durante a entrevista, levantou-se e disse que iria fazer uma oração.
"Obrigado, meu Deus. Obrigado pela força, pelos meus filhos, pela família maravilhosa que eu tenho. Obrigado pela força deste homem [ele mesmo], que é um guerreiro, que trabalha 16, 17, 20 horas por dia, feliz e alegre. Que esse país possa realmente caminhar para o lado dos países sérios, para o lado mais forte, que esse povo merece", disse.
Levado a confirmar o pagamento de propina a Severino Cavalcanti depois do depoimento do ex-gerente do restaurante Izeilton Carvalho à Polícia Federal, Sebastião Buani vem faturando com a inesperada fama, que teria lhe rendido até convites para candidatar-se a deputado federal.
A entrevista, que começara de maneira inusitada, terminaria da mesma forma, meia hora depois. Antes de deixar o auditório da sede da Polícia Federal, Buani reivindicou que não tomassem por musa do "mensalinho" Diana, sua segunda mulher, uma morena de 31 anos que sempre o acompanha nas aparições públicas. "A musa do "mensalinho" não é a minha mulher nem a minha filha, é a Gabriela [Kênia Martins, a secretária cujo nome aparece no cheque divulgado ontem]."


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