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Governo busca acordo para sucessor
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deu início a articulações para tentar um acordo com a
oposição a fim de eleger o sucessor de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara. Para governo e oposição, a renúncia
de Severino é questão de tempo.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já deu sinal verde para seu
articulador político, o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), buscar um acordo.
"No momento em que a sociedade está abalada por denúncias
que chegaram a envolver até a
presidência da Câmara, a prioridade deve ser o resgate das instituições, o que deve estar acima da
legítima disputa entre governo e
oposição", disse Wagner à Folha.
Indagado se via chance de um
acordo, o ministro disse que isso
dependeria da "evolução dos fatos". Ele, porém, afirmou que já
estava conversando com políticos
de todos os partidos.
Dirigentes da oposição, como o
líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ),
demonstraram disposição para
um acerto com o governo. "Se
houver a busca de um acordo em
torno de alguém que terá independência na presidência da Câmara, acho bom", disse Maia.
Fazendo a ressalva de que era
um senador e de que não tinha interesse em interferir em assuntos
da Câmara, o tucano Tasso Jereissati (CE) afirmou que "a gravidade da crise exige responsabilidade
de todos os partidos". Para ele,
governo e oposição devem evitar
vetos partidários e buscar "um
nome acima de qualquer suspeita" para dirigir a Câmara.
Governistas e oposicionistas
concordam com Tasso de que o
debate sobre um acordo não deve
começar com vetos. Dizem ainda
que o prazo para esse entendimento dependerá da reação de
Severino, cuja família deseja que
renuncie logo para preservar a
aposentadoria parlamentar e os
direitos políticos para concorrer a
deputado em 2006.
Governo e oposição acham
pouco provável prosperar a hipótese de licença de Severino, o que
daria o comando temporário da
Câmara ao pefelista José Thomaz
Nonô (AL). Isso desagrada o governo e inviabilizaria saída por
acordo, pois há temor no Planalto
de que seja uma forma de permitir a abertura de um futuro processo de impeachment de Lula.
Ontem, o nome mais forte do
governo continuava a ser o de Sigmaringa Seixas (DF). O petista independente Antonio Carlos Biscaia (RJ) é aventado por setores
da oposição. O presidente do
PMDB, Michel Temer (SP), também está no centro do debate.
Contra Sigmaringa pesa o fato
de ter ido pescar com o ex-ministro José Dirceu no último final de
semana. Amigo de Dirceu, seria
visto com desconfiança para presidir uma sessão de cassação do
mandato do petista. O governo,
porém, acha que esse "escorregão" seria superável pelo bom
trânsito com o PSDB.
Além de Sigmaringa e de Biscaia, o petista José Eduardo Cardozo (SP) é uma opção que o governo acha que seria palatável para boa parte da oposição.
Ricardo Barros (PP-PE) foi um
dos defensores de Biscaia. O parlamentar petista integra o grupo
suprapartidário "Pró-Congresso", que busca resgatar a imagem
da Casa. A dificuldade para o governo aceitá-lo é a possibilidade
de que saia do PT até o dia 30.
O PMDB deu início a conversas
para arregimentar apoio a Temer.
Respeitado na Câmara e com
trânsito com todos os partidos,
Temer tem um problema: o
PMDB já ocupa a presidência do
Senado, com Renan Calheiros.
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