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ELEIÇÕES 2008 / FINANÇAS
Máquina municipal turbina o caixa e alavanca candidatos
Em 90 das 101 maiores cidades, 63% dos candidatos da situação arrecadam mais
Tesoureiro do PT diz que há tendência de continuidade no país; para o presidente do PSDB, quem é do governo consegue mais doações
SILVIO NAVARRO
DO PAINEL
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
A 20 dias das eleições, quem
disputa a prefeitura com o
apoio da máquina municipal
concorre com o caixa mais
cheio e desponta nas pesquisas
na maioria das cidades com
densidade eleitoral no país, ou
seja, onde há possibilidade de
segundo turno.
Levantamento feito pela Folha mostra que em 90 das 101
maiores cidades -sobre as
quais há dados atualizados disponíveis na Justiça Eleitoral-,
63% dos candidatos da máquina têm arrecadação superior
aos seus adversários diretos.
Nesse universo, 59% deles lideram as pesquisas registradas
nos tribunais eleitorais.
Das cinco campanhas que
mais amealharam verba em
pouco mais de dois meses -São
Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,
Fortaleza e Belo Horizonte-,
somente ACM Neto (DEM),
que disputa a cadeira de prefeito na capital baiana, não tem
"padrinho" nas diferentes esferas do Executivo, embora disponha do legado político do avô
na Bahia.
O campeão em arrecadação
no país é o atual prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab (DEM),
que tenta a reeleição com o
apoio dividido do governador
José Serra (PSDB), de quem
herdou a prefeitura em 2006:
R$ 10 milhões. Os adversários,
Marta Suplicy (PT) e Geraldo
Alckmin (PSDB), têm receitas
de R$ 6,3 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente.
Kassab é o único dos cinco
que não lidera as pesquisas,
mas, depois de largar em terceiro, mantém a trajetória de subida e agora está em segundo com
21% das intenções de voto, em
empate técnico com Alckmin
(20%, segundo o Datafolha).
No Rio, Eduardo Paes
(PMDB), que acabou lançado à
disputa pelas mãos do governador Sérgio Cabral (PMDB), segue rota similar: saltou do terceiro lugar, com 8%, para 27%
de julho para cá, segundo o Ibope de sexta-feira, e agora lidera
a pesquisa. O caixa da campanha soma R$ 4,1 milhões, valor
que supera a arrecadação de todos os seus adversários juntos.
Em Fortaleza, a candidata à
reeleição Luizianne Lins (PT)
lidera com 44% das intenções
de voto, segundo o Datafolha. A
receita da campanha dela atingiu R$ 1 milhão, contra R$ 600
mil do segundo colocado, Moroni Torgan (DEM).
O quadro também se reproduz fora das capitais. Em Campinas, por exemplo, Doutor Hélio (PDT), que busca a reeleição, contabiliza receita de R$
2,1 milhões, contra R$ 625 mil
de Carlos Sampaio (PSDB). No
mais recente Ibope, Hélio tem
63% das intenções de voto,
contra 12% de Sampaio.
Partidos
A relação entre cofre gordo e
liderança nas pesquisas não segue regra partidária. Mas, como
a base que sustenta o governo
Lula é ampla (há praticamente
só quatro siglas de oposição,
PSDB, DEM, PPS e PSOL), o
apoio do presidente pode pesar
na hora de buscar recursos. Segundo o Datafolha, a gestão Lula atingiu 64% de avaliação positiva em todos os segmentos
sociais e econômicos do país.
"Um governo exitoso, com alto grau de avaliação positiva, é
depositário das maiores doações, já que a tendência é a continuidade", afirmou o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira.
Para Ferreira, se o prefeito
fez um bom trabalho, tem vantagem em arrecadar recursos.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), diz que
a influência da máquina conta
no caixa das campanhas, principalmente em cidades pequenas. "Quem é governo arrecada
mais, especialmente quem tem
respaldo do governo federal. Isso é normal", afirmou Guerra.
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