São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2008 / FINANÇAS

Máquina municipal turbina o caixa e alavanca candidatos

Em 90 das 101 maiores cidades, 63% dos candidatos da situação arrecadam mais

Tesoureiro do PT diz que há tendência de continuidade no país; para o presidente do PSDB, quem é do governo consegue mais doações

SILVIO NAVARRO
DO PAINEL
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

A 20 dias das eleições, quem disputa a prefeitura com o apoio da máquina municipal concorre com o caixa mais cheio e desponta nas pesquisas na maioria das cidades com densidade eleitoral no país, ou seja, onde há possibilidade de segundo turno.
Levantamento feito pela Folha mostra que em 90 das 101 maiores cidades -sobre as quais há dados atualizados disponíveis na Justiça Eleitoral-, 63% dos candidatos da máquina têm arrecadação superior aos seus adversários diretos. Nesse universo, 59% deles lideram as pesquisas registradas nos tribunais eleitorais.
Das cinco campanhas que mais amealharam verba em pouco mais de dois meses -São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Belo Horizonte-, somente ACM Neto (DEM), que disputa a cadeira de prefeito na capital baiana, não tem "padrinho" nas diferentes esferas do Executivo, embora disponha do legado político do avô na Bahia.
O campeão em arrecadação no país é o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que tenta a reeleição com o apoio dividido do governador José Serra (PSDB), de quem herdou a prefeitura em 2006: R$ 10 milhões. Os adversários, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), têm receitas de R$ 6,3 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente.
Kassab é o único dos cinco que não lidera as pesquisas, mas, depois de largar em terceiro, mantém a trajetória de subida e agora está em segundo com 21% das intenções de voto, em empate técnico com Alckmin (20%, segundo o Datafolha).
No Rio, Eduardo Paes (PMDB), que acabou lançado à disputa pelas mãos do governador Sérgio Cabral (PMDB), segue rota similar: saltou do terceiro lugar, com 8%, para 27% de julho para cá, segundo o Ibope de sexta-feira, e agora lidera a pesquisa. O caixa da campanha soma R$ 4,1 milhões, valor que supera a arrecadação de todos os seus adversários juntos.
Em Fortaleza, a candidata à reeleição Luizianne Lins (PT) lidera com 44% das intenções de voto, segundo o Datafolha. A receita da campanha dela atingiu R$ 1 milhão, contra R$ 600 mil do segundo colocado, Moroni Torgan (DEM).
O quadro também se reproduz fora das capitais. Em Campinas, por exemplo, Doutor Hélio (PDT), que busca a reeleição, contabiliza receita de R$ 2,1 milhões, contra R$ 625 mil de Carlos Sampaio (PSDB). No mais recente Ibope, Hélio tem 63% das intenções de voto, contra 12% de Sampaio.

Partidos
A relação entre cofre gordo e liderança nas pesquisas não segue regra partidária. Mas, como a base que sustenta o governo Lula é ampla (há praticamente só quatro siglas de oposição, PSDB, DEM, PPS e PSOL), o apoio do presidente pode pesar na hora de buscar recursos. Segundo o Datafolha, a gestão Lula atingiu 64% de avaliação positiva em todos os segmentos sociais e econômicos do país.
"Um governo exitoso, com alto grau de avaliação positiva, é depositário das maiores doações, já que a tendência é a continuidade", afirmou o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira.
Para Ferreira, se o prefeito fez um bom trabalho, tem vantagem em arrecadar recursos.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), diz que a influência da máquina conta no caixa das campanhas, principalmente em cidades pequenas. "Quem é governo arrecada mais, especialmente quem tem respaldo do governo federal. Isso é normal", afirmou Guerra.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Saiba mais: Número de reeleitos pode ser recorde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.